sexta-feira, 30 de setembro de 2022


 

 

Nereczinka 3 – 11 fev 2022

 

Em breve o pai o seu esforço percebia:

mas que nada ceifasse em pleno dia,

como iria explicar a seus vizinhos?

Era mantido entre os três esse segredo,

também a mãe a sentir bastante medo

que nele vissem maléficos caminhos!

Outra coisa também os perturbava:

Pimentão muito bem se alimentava,

tal qual se fosse um enérgico rapaz!

Quase tanto como seu próprio pai;

apesar disso, crescer nunca ele vai

e deste modo, o casal não tinha paz!

 

De qualquer modo, sentia-se ele normal

e com os rapazes de sua idade formal,

desde criança, brincar ele tentara,

pois corria, realmente, bem depressa

e se escondia atrás de qualquer peça,

seus parceiros depressa a superar!...

Já aos sete anos, foi obrigado a se afastar,

senão algum o poderia pisotear

e o tratavam como uma aberração!

Nunca uma bola conseguira chutar,

mas leu depressa e poderia até esperar

algum emprego de professor ou de escrivão!

 

Assim um dia, na hora do jantar

com seu pai e com sua mãe foi conversar:

“Deste lugar preciso ir embora já!

Todos troçam de mim e por algum malvado,

de propósito, mais de uma vez já fui chutado:

vou correr mundo e ver o que há por lá!”

Ficou sua mãe demolida de tristeza,

porém o pai falou-lhe com franqueza:

“É melhor mesmo que te vás daqui,

ao burgomestre foram até te denunciar,

já que o padre não quis te condenar

e muito insulto por tua causa eu já ouvi!”

 

“Então o senhor sente vergonha de mim?”

“Não, Pimentãozinho, a coisa não é assim:

o teu trabalho é esforçado e bem constante,

mas esse povo detesta o diferente

e alguns têm medo de ti, sinceramente,

algo de mau podes sofrer a cada instante!”

Deste modo, despediu-se deles o rapaz

e certa noite, com seu minúculo carcaz,

doze flechas e espadinha, tomou o seu caminho,

sem consigo levar grandes provisões:

colheria frutos e pescaria em ocasiões,

ou ratos do campo, mesmo sendo pequeninho!

 

Nereczinka 4 – 12 fev 2022

 

A sua força era desproporcional,

como a de um homem de tamanho natural.

“Sou Nereczinka!” – falou, a se orgulhar,

“Eu venço o mundo com esperteza e robustez,

tenho esses dons, a Natureza é que me fez,

de modo igual com a rapidez no caminhar!”

Já bem no início de sua peregrinação,

Nereczinha viu um osso sobre o chão

e por algum motivo, o segurou,

atravessado nos ombros, quase tendo

tamanho igual ao que já vinha mantendo,

igual a sua altura, o dito osso se mostrou!

 

Em pouco tempo, percebeu sua utilidade:

chegou um cão, cheio de curiosidade,

mas antes que o lambesse inteiramente,

o osso diante de seu focinho colocou,

o animal com alegria o abocanhou,

logo se pondo a roer tranquilamente.

Mas após algum tempo, veio um gato,

miando em ameaça sem recato,

já a demonstrar sua péssima intenção!

Nereczinha tirou flechinha do carcaz

e até o centro do focinho a flecha traz,

fazendo o bicho fugir em confusão!

 

Depois voltou, parecendo bem zangado,

o seu bigode bem erguido e eriçado:

o rapazinho lhe deu vasto puxão!

desta vez, o bichano desistiu,

não sabia o que era aquilo, porém viu

que não seria em nada uma fácil refeição!

Mas no outro dia, já teve menos sorte:

chegou uma águia de majestoso porte

e o empolgou com as garras, firmemente,

carregando-o bem acima da floresta:

para os filhotes banquete a ser de festa!

Estaria ele perdido, finalmente?

 

Porém sacou sua minúscula espadinha

feriu-lhe as garras com a grande força que tinha

e desse modo da águia se livrou,

porém primeiro lhe arrancou duas penas,

descendo ao solo em evoluções serenas,

até que em segurança aterrissou!

Bateu a poeira da roupa e o chapeuzinho

encontrou, meio amassado no caminho;

mas entendeu precisar ter mais cuidado:

melhor que andasse pelo meio do capim!

Já ía em frente, se locomovendo assim,

quando viu um gnomo sobre pedra assentado!


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