sábado, 8 de abril de 2023


 

 

A MOEDINHA E O GATO IX – 6 NOV 2022

 

Ficou o rei extremamente agradecido

e em recompensa, mandou encher o porão

de ouro e prata e outras coisas de valor.

O comerciante ficou quase enlouquecido,

levantou âncora para retornar à sua mansão:

jamais tanta riqueza tinha assim reunido!

Mas de parte dela não pretendia abrir mão,

suas intenções sob o controle da ambição!

Porém tão logo iniciou a sua viagem,

viu um rato a correr no tombadilho!

Com rapidez, segurou-o pelo rabo

e o lançou no mar, sem arbitragem,

logo o deixando para trás no trilho

de seu veleiro, rindo em menoscabo!

Mas a seguir um outro rato apareceu

e mais um outro e o convés logo se encheu!

Com os marinheiros, os procurou caçar:

Mas que terrível falta faz meu gato!

A maior parte fugiu para o porão

e quando lá os foram procurar,

viram que haviam devorado, em desacato,

a maior parte de sua provisão,

não só os víveres, mas sua mercadoria,

o lucro que ganhara quase todo perderia!

Já consolou-se, que não comiam ouro

e nem a prata de seu carregamento

e a viagem até em casa seria breve;

mas a seguir, para seu total desdouro,

começaram a roer velas e o vigamento,

até o cordame roer algum se atreve!

O barco não afundou só por um tris:

Todos vieram daquele porto infeliz!

Antes que fossem na doca atracar,

mandou um escaler trazer-lhe gatos,

que dessem cabo daquela pestilência,

mas alguns deles chegaram até a pular

dentro do bote, ágeis... como ratos!

Foram lançados ao mar com impaciência,

e ainda seguiram nadando até o porto,

a maioria ainda no veleiro, em peso morto!

 

A MOEDINHA E O GATO X – 7 NOV 2022

 

Em sua cidade a existir muitos felinos,

que no navio e no porto já caçavam:

não seriam praga igual que no anterior!

Mas precisou descarregar em desatinos

a carga preciosa que os porões transportavam,

antes que o barco afundasse em tal horror!

E conseguiu mesmo alguns fardos salvar

de alguns artigos que poderia negociar!...

Chegou em casa na maior felicidade,

mas nem por isso deixou de ser avarento.

Quando Olek veio indagar do investimento,

deu-lhe placa de mármore, a pretender bondade:

“O resultado foi de fato um bom portento,

Para ser de uma moeda de cobre o provimento!

Pode fazer com ela alguma linda mesa,

com pés de madeira e vendê-la com presteza!”

O pobre Olek de nada desconfiou

e agradeceu, no mais ingênuo pensamento;

a placa de mármore nas costas foi levando,

contudo assim que na choupana ele chegou

descobriu o que de fato era um portento:

o mármore todo em ouro se foi transformando!

E como sempre, honesto em humildade,

pensou ser algum engano, na verdade!

E foi assim encontrar o comerciante:

“Patrão, patrão, um milagre aconteceu:

aquele mármore se transformou em ouro!

Venha depressa e traga um ajudante,

esse presente não pode ser só meu!

Preciso devolver-lh um tal tesouro!”

E o seu patrão mostrou-se deslumbrado

pelo tal bloco de ouro ali avistado!

Mas suspeitou ser divina interferência

e meio sufocado, declarou:

“Não, meu filho, esse ouro é todo seu!”

E para casa retornou, em turbulência,

que sua consciência enfim se despertou

e para a filha contar tudo resolveu!

Contudo Marfa lhe disse de imediato:

“Toda a riqueza quem lhe trouxe foi o gato!”

 

EPÍLOGO

 

“Com a moedinha o senhor o adquiriu!

Portanto, tudo isso deve devolver

a Olek, por ser o seu investimento!”

E com o pai avarento ela insistiu,

até que ele aceitou se desfazer

daquela vasta riqueza, mesmo com ressentimento,

mas lembrou que já era rico o suficiente

e com a viagem ainda lucrara grandemente!

 

E desse modo, retornou até a choupana,

ainda a contemplar seu ouro o lenhador,

sem saber de que forma o utilizar.

“Meu filho, a vontade de Deus é muito arcana

e a Sua Verdade sempre mostra o seu valor:

com seu investimento, muito mais pôde ganhar!”

E o levou até sua casa, prontamente,

a lhe mostrar o tesouro surpreendente!

 

“Mas isso tudo realmente é apenas meu?

De fato, só uma coisa é que desejo:

a mão de sua filha Marfa em casamento!”

O ex-patrão de imediato já aquiesceu,

Marfa foi então consultada nesse ensejo

e revelou o seu antigo sentimento!...

Assim Olek e Marfa, finalmente,

se casaram e se amaram fielmente!

 

E o avarento ainda ficou mais satisfeito,

pois era o sogro e tudo vinha em seu proveito!

 

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