domingo, 16 de outubro de 2011

TRADUZINDO FITZGERALD


Fonte da matéria: http://wp.clicrbs.com.br

Duas editoras nacionais estão colocando no mercado novas traduções para o clássico de F. Scott Fitzgerald, O Grande Gatsby. Pela Companhia das Letras, em sua coleção Penguin, a escritora e jornalista Vanessa Barbara apresenta a sua versão. Para a L&PM, o tradutor William Lagos também finalizou uma nova tradução, publicada agora na série L&PM Pocket. São dois tradutores com carreiras diversas. Vanessa Barbara tem 29 anos, é jornalista, autora de O Livro Amarelo do Terminal, uma radiografia do terminal rodoviário de São Paulo, e coautora de O Verão do Chibo (Alfaguara). Já traduziu, entre outros, Três Vidas, de Gertrude Stein, e Afluentes do Rio Silencioso, de John Wray. Já William Lagos, “nom-de-plume” de Luis Humberto William Lagos Teixeira Guedes, tem 67 anos e já traduziu 279 livros para cerca de vinte editoras, vertendo obras do alemão, do inglês, do francês, do italiano e do espanhol. Em seu portfólio constam  versões de obras de Arthur Conan Doyle, Edgar Allan Poe, Raymond Chandler, Balzac, Voltaire, Jack London e uma pá de outros.
Aproveitando a circunstância da chegada às livrarias desses dois novos Gatsby, enviei duas perguntas a cada um dos tradutores, e publico abaixo as respostas de ambos sobre o desafio e o prazer de traduzir o livro:
Mundo Livro –  Diferentemente de outros autores de língua inglesa e de outros romances, o Gatsby é um livro que já teve um bom número de traduções no Brasil e não está exatamente fora de circulação. Ter tantas outras edições da obra para comparação ajuda ou de alguma forma dificulta o trabalho do tradutor?
Vanessa Barbara – Sempre ajuda. Consultei bastante as traduções em francês e em espanhol, além dos trabalhos acadêmicos sobre o Gatsby, que não são poucos. Há sempre dúvidas em uma ou outra passagem, e é importante saber como outras pessoas resolveram aquele trecho.
William Lagos – Quanto ao fato de haver outras traduções, simplesmente ignorei, não consultei qualquer uma, coisa que nunca faço, portanto para mim a existência de obras paralelas é indiferente. Apenas faço o melhor possível, o mais rápido possível, o mais limpo possível, o mais fiel possível ao original… E tenho certeza de que a qualidade do meu trabalho foi superior à da maioria das outras, embora, como lhe disse, não tenha consultado qualquer referência.  Como adendo, não leio o livro de antemão antes de traduzir, vou fazendo página por página, à medida em que o texto se desenrola e, se descubro algum engano, o computador permite corrigir facilmente, não é como quando iniciei, traduzindo na máquina datilográfica, em que as correções requeriam substituição de páginas.  De qualquer modo, para uma boa tradução, o que interessa é o domínio do português, muito mais que do da língua-origem. Sem querer parecer pretensioso, este é o meu método de trabalho e esta a melhor resposta que lhe posso dar.
Mundo Livro –  Quais as maiores dificuldades oferecidas pelo Grande Gatsby a um tradutor?
Vanessa Barbara – Achei as longas descrições de Fitzgerald bem duras de traduzir, foi difícil achar um jeito de ficarem fluidas em português. Além disso, como se trata de um livro sobre uma geografia que não conhecemos – os americanos não devem ter esse problema -, demorou um pouco para se localizar, tanto que tive que fazer um mapa (está no blog da Companhia: http://www.blogdacompanhia.com.br/2011/09/a-cartografia-de-o-grande-gatsby/)
William Lagos – Não encontrei qualquer dificuldade em Gatsby, é um inglês bastante fácil, coerente e tradicional, tanto no ponto de vista ideológico, como na linguagem empregada.  Há gíria, mas raramente obscenidades. Lembro que foi fácil, rápido de agradável…  No último livro que traduzi, de Brian D’Amato, Nas Cortes do Sol, tive de empregar todo o meu vocabulário obsceno, havia correspondência para tudo e a instrução foi ser fiel ao original.

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