O CASTELO ASSOMBRADO

Capítulo Três – 23 nov 21

 

“Dizem que moram lá monstros horríveis,

um troll disforme de cabeça preta,

um anão aleijado que anda com gigante,

metendo medo que a todos logo afeta,

mesmo que nada de fato veja adiante:

são muitos monstros, mas todos invisíveis!”

 

“Nada disso me assusta,” disse o viajante.

“de fantasmas e assombrações não tenho medo,

bem que podia ir visitar esse castelo...”

Mas alguns lhe apontaram firme o dedo:

“É bem verdade que o palácio é belo,

mas quem lá dorme, perece num instante!”

 

Nesse momento, um velho se aproximou,

que até então coisa alguma havia falado;

todos calaram, demonstrando-lhe respeito.

“Nenhum de nós tem nada disso observado,

não leve isso que dizem muito a peito,

porém, de fato, esse castelo é encantado!”

 

“Dizem que apenas um homem sem medo

será capaz de quebrar o encantamento:

bem estou vendo que o senhor é corajoso...”

“Ora, Vovô, deixe o homem em sossego!

Não o entusiasme a tentar o empreendimento!”

Reclamou um jovem, já menos respeitoso.

 

“Qual é o problema, meu caro netinho?

Ele não disse que pretende ir até lá;

mas se quiser, sem ter medo, experimentar,

há de fugir como fizeram tantos já!

Você mesmo quis ali um dia penetrar!

Deixem que o homem siga o seu caminho!”

 

“O tal castelo incomoda a todos nós,

precisamos de mais áreas de plantio

ou mais lugar para o gado apascentar...

E se ele for “o homem sem medo além do rio”,

qual diz a lenda que cansamos de escutar?

Quem sabe nos livra desse arcano algoz?”