quinta-feira, 3 de fevereiro de 2022


 

 

PERSEU E AS GÓRGONAS XII – 29 nov 21

 

“As minhas irmãs infelizes nem têm nome! (*)

Só têm um olho e só possuem um dente;

a maior parte do tempo passam fome

e volta e meia sofrem acidente,

pois esse olho que sua cegueira dome

não lhes permite à audição tornar potente

e compensar-lhes a falta de visão,

pois o olho passam assim de mão em mão...”

(*) Ovídio as chama de Deino (temor), Aênio (horror) e

Penfredo (alarme).

 

“Quando chegar, por suas costas, de mansinho,

seu olho agarre com a maior rapidez,

antes que estendam garras aduncas como espinho

e pegue-lhes o dente, então, por sua vez!

Suplicar-lhe-ão, com vozes de carinho

ou gritarão em raiva espessa como pez...

Mas sem lhe darem as respostas que procura,

não lhes devolva esses órgãos que segura!”

 

Perseu voou até o lugar, rapidamente

e viu as Greias, tentando cozinhar...

Com o capacete, bem disfarçadamente

chegou por trás e conseguiu pegar

aquele olho, seu único órgão vidente,

quando as irmãs o foram repassar;

na confusão a seguir, pegou o dente,

deixando as três a chorar pungentemente...

 

“À Hiperbória como chego?” perguntou.

Sob protesto, o caminho lhe indicaram;

“Qual é a ilha de Esteno?” ainda indagou.

De mau grado as três o informaram:

“É a ilha de Lesbos, na qual encontrou

adoradores, que até hoje a alimentaram...

Agora, ande, devolva o nosso dente

e o nosso olho, ó homem indecente!...”

 

“Primeiro, digam-me o que devo fazer

para vencer a Górgona terrível!...”

“Com seu escudo, será fácil obter

que ela contemple sua feição horrível;

e enquanto imóvel ela permanecer,

degole-a então, com sua espada invencível!

Zeus, seu pai, sua mão há de guiar

e facilmente a poderá matar...”

 


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