domingo, 13 de março de 2022


 

 

O MENINO SEM CABEÇA I – 2 DEZ 21

 

Era uma vez um menino sem cabeça,

coisa bem rara que nascesse assim,

fosse um cabrito, teria logo um fim,

mas era humano e disso não se esqueça!

Quando nasceu, pensaram estar morto,

porém o ar nos seus pulmões mexia

e o pequeno coração também batia:

para espanto geral, não era aborto!

 

E realmente, para maior espanto,

logo o menino começou a chorar!

Não tinha nariz, como podia respirar?

Não obstante, emitia um forte pranto!

Alguns pensaram em até o enterrar,

porém sua mãe se opôs, com violência

e o seu pai demonstrou grande paciência:

“É nosso filho!  Se der, vamos criar!”

 

“Mas como vai poder se alimentar,

se não tem boca?” Com o máximo carinho,

a mãe o trouxe para bem pertinho

e no pescoço foi seu seio colocar!

E para o espanto de qualquer pessoa,

um buraco logo ali se contraiu

e o leite materno ele engoliu,

como se fosse a coisa mais à toa!

 

E desse modo, o menino se criou

e bem depressa aprendeu até a falar!

Mas sem ter língua, sequer o balbuciar

seria impossível!  Mas jeito ele arranjou

e ficou claro que escutava muito bem,

sem ter ouvidos!  Mas como poderia?

Mais espantoso, ver ele conseguia,

mas sem ter olhos, como podia ver alguém?

 

Já começavam a dizer ser bruxaria,

mas o padre da aldeia era um irmão

do pai da criança!  E batizou-o, então:

sem uma testa, o seu pescoço ungia!

E mais incrível, mesmo sem nariz,

era capaz de certos cheiros distinguir

e até um paladar se demonstrou possuir

ou, pelo menos, a história assim nos diz!

 

Aos quatro anos, revelou seu pensamento,

porém sem cérebro, como podia pensar?

Decerto seria por algum outro lugar:

mostrou carinho e até bom sentimento!

O tio padre, rezando com frequência,

ensinou Rudolf a ler e a escrever

e logo história e geografia conhecer,

até desenhar com certa proficiência!

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