terça-feira, 22 de março de 2022


 

 

O MENINO SEM CABEÇA V – 6 dez 21

 

Então ouviu um grito agudo de mulher

e soou um golpe qual martelo na bigorna!

Na direção do som ele se torna,

sem de medo pestanejar sequer,

mesmo porque pestanas não possuía...

Era um castelo suntuosamente decorado,

por tapeçarias e tapetes adornado,

móveis preciosos por toda parte havia!

 

E lá, no meio de um vasto salão,

viu uma jovem abraçando um cavaleiro,

ao qual beijava com fervor ligeiro:

“Ah, Fortinbrás, rei de meu coração!”

“Tu que és a minha rainha, Rosaflor!

Não foi prodígio matar o feiticeiro,

com ameaças era um arruaceiro,

mas não pôde suportar o meu vigor!”

 

“Assim todos os seus crimes já pagou!

Quantas torturas deves ter suportado!...”

“De fato, foi até bem delicado

e mal algum, realmente, me causou...”

Ficou Fortinbrás meio desapontado,

mas seus ciúmes logo pôs de lado:

“Seja como for, foi por mim decapitado,

não cometerá jamais novo pecado!...”

 

Viu Rudolf um cadáver sobre o chão

e a seu lado, uma cabeça até bonita,

que sua cobiça de imediato agita:

“Senhor cavaleiro, parabéns por sua ação!”

“Quem fala?” Surpreso, o outro indagou.

“Sou eu,” disse Rudolf, ainda escondido

na sombra. “Desculpe tê-lo interrompido,

essa cabeça o senhor foi quem cortou?”

 

“Claro que fui.  Não vê o sangue em minha espada?”

“Vejo sim, meu senhor!  Que vai fazer

com essa cabeça?  Tal como posso ver,

para o mago não serve de mais nada...

Teria a bondade, então, de ma ceder?

Eu realmente ando à busca de cabeça

e preciso dessa com uma certa pressa,

antes que possa no calor se desfazer...”

 

“Quem é você?  Decerto é o ajudante

desse mago maligno e malvado!...

Se pensa que pode ser ressuscitado,

vá desistindo dessa ideia neste instante!

“Eu não pretendo a cabeça colocar

de volta em seu pescoço, cavaleiro!”

Foi explicando Rudolf, bem ligeiro.

“Em mim mesmo é que a pretendo utilizar!...”

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