domingo, 16 de outubro de 2022


 

 

Nereczinka 9 – 17 fev 2022

(Mosaico Hérakles e a Hydra de Lerna)

 

Subiu depressa sobre uma cadeira

e logo obteve a visão muito certeira

de que as maçãs estavam a ferver!

Se as quisesse ainda resgatar,

no caldeirão as teria de agarrar!

E não havia mais tempo a perder!

Com a dor, soltou um grito penetrante

e o dragão acordou-se nesse instante,

mas no momento em que a rugir já começava,

Nereczinka meio carneiro lhe lançou:

o dragão não resistiu e o devorou,

enquanto a mão na água quente ele enfiava!

 

Estava quente, mas não em ebulição,

mas só pôde conservar ali sua mão

o tempo suficiente para pegar uma só maçã

e logo o dragão tudo engolira,

suas nove cabeças para seu lado gira,

resistir ao monstro era tentativa vã!

mas bem ou mal segurou outro pedaço

e o lançou, evitando o mau abraço

e o possível fogaréu desse dragão

e enquanto a carne devorava a fera,

Nereczinha se esforçou, sem mais espera,

outra maçã a retirar do caldeirão!

 

Naturalmente, tivera de crescer,

das queimaduras nas mãos já a sofrer,

mas quando o dragão de esguelha o espiou,

pela carne nove cabeças a lutar,

a última maçã conseguiu pegar

e o terceiro pedaço de carne lhe jogou!

Com as três maçãs dentro da bolsa da princesa

correu para fora e, na maior presteza,

deu três puxões na corda da cintura

e os dois criados prontamente o alçaram,

mais as maçãs! E os três correndo se afastaram,

o dragão nas águas confuso e na lonjura!

 

Ele chegou até o castelo e entregou

as três maçãs que duramente conquistou

e bem a tempo, que o rei seu pai chegava,

a princesa Duylina com as maçãs ao colo,

porém Nereczinka sentiu-se preso ao solo:

quis encolher, mas não se transformou!

Então saiu correndo bem depressa;

 gritou para a princesa: “Não me esqueça!”

E deu um jeito de pular o muro...

Duylina nem sabia o que dizer

por que as maçãs fora na bolsa recolher,

só que assim considerava mais seguro!

 

Nereczinka 10 – 18 fev 2022

 

Mas o rei e a nobreza, em excitação,

totalmente confusos na ocasião,

nem pensaram em mais nada indagar,

maravilhados com o ouro verdadeiro

e Nereczinka ocultou-se, bem ligeiro,

percebendo que já estava a se curar!

Contudo, as coisas não ficaram bem assim:

O dragão deu falta das maçãs, enfim,

e em voo rasante sobrevoou a cidade,

começando a cuspir fogo e a revoar:

“Para mim é fácil a todos vocês assar,

mas vou mostrar como é grande minha piedade!”

 

“Vocês me entregam, cada semana, uma mulher,

bem tenra, para eu devorar como quiser!

Ou será isso, ou toda gente eu queimarei!...”

Decidiram então lançar as sortes

e logo jovens, em correntes de bons portes,

eram mandadas até o lago pelo rei!

Pedira tenras, as mais velhas não queria,

somente as moças, cuja carne mascaria

com mais prazer e mais facilidade!

Em grande pranto retornava a procissão,

famílias cheias de dor no coração,

mas única forma de salvar a sua cidade!

 

Até que um dia, a sorte recaiu

sobre Duylina e o rei não conseguiu

que ela ao menos pudesse ser poupada!

Argumentara que não tinha outro herdeiro

e se morresse, sem outro filho ter primeiro,

seria a terra por disputas arrasada!

Mas tudo em vão. Duylina foi acorrentada,

a multidão já fugindo, aparvalhada,

loucos de assombro pela chegada do dragão!

Nereczinka da notícia foi informado

e logo apresentou-se do seu lado:

queria as correntes abrir nessa ocasião!

 

“Se eu te salvar, te casarás comigo?”

“Com muito gosto, pois és meu bom amigo,

só não sei se o rei meu pai consentirá...”

Mas se eu conseguir dar cabo do dragão,

serei o herói de toda a multidão...

Só que a corrente, como se abrirá?”

“Ouvi dizer que a chave o monstro tem,

precisarias arrancar dele também!...”

Nesse entrementes, surgiu o monstro do lago

e vendo Nereczinka, mais furioso

se demonstrou, e deu rugido pavoroso

com as nove cabeças, como em coral gago!...

 

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