quarta-feira, 18 de outubro de 2023


 

ESTES SONETOS SÃO ERÓTICOS, RECOMENDO DISCRIÇÃO

 

PÉRGULAS I    (25 mai 11)

(NICOLE KIDMAN)

 

O que eu quero de ti não é amor,

mas puro, simples e saudável sexo:

que separes as coxas e teu nexo

penetrarei, com todo o meu ardor.

 

O que eu desejo não é nada de complexo.

Teus sentimentos, teu pensar, tua dor,

as mil complicações, mistério em cor,

que não sejam teu preço para o amplexo.

 

E não te mentirei.  Nem é preciso

que as pernas abras, basta que levantes

os joelhos e me fiques aguardando.

 

Pouco me importa teu beijo e teu sorriso

e em nada disso há razão por que te espantes,

quando sincero estou-me revelando...

 

PÉRGULAS II

 

Já me cansei de te falar de amor,

quando teu corpo apenas eu desejo.

Se for preciso, te darei um beijo,

como prelúdio para tal sexor.

 

Mas hipócrita será falar de almor,

se busco apenas mais concreto ensejo,

quando é somente a carne que te almejo

e apenas te alentar com meu ardor.

 

Despe-te, pois, e fica toda nua,

porque diante de ti já me despi,

conserve embora em mim a roupa inteira.

 

Há sentido em falar de sonho e lua,

mas a teu lado tudo isso já esqueci,

quando me abriste a pétala ligeira.

 

PÉRGULAS III

 

Mas não julgues que penso só em mim.

Se fora assim, buscaria prostitutas...

E se este meu poema ainda escutas,

é porque anseio por teu corpo, enfim.

 

Mas não por tê-lo qual simples outrossim,

dentre um contrato que aceitas ou refutas.

Quero habitar longo tempo nas tuas grutas,

falo a verdade ao confessar-te assim.

 

E conservar-te durante o meu presente,

esperando muitas posses no futuro,

só de as cópulas lembrar de meu passado.

 

E se querer alguém, assim frequente,

chama-se amor, então, certo e seguro,

não o pretendo em miragem sublimado.

 

PÉRGULAS IV – 10 outubro 2023

 

Mas não penses que só busco o meu prazer,

pois sei perfeitamente dar-te orgasmo,

diante de cuja intensidade fico pasmo,

que é muito mais que meu próprio desfazer.

 

Mas não te minto que deseje pertencer

de corpo e alma a ti.   Eu não fantasmo

a existência de um divinal espasmo:

é só da carne meu gozo e meu querer.

 

E quanto mais me tenha unido a ti,

ao ver esse prazer que assim te dou,

enquanto a mim não mais que satisfaço,

 

mais vou querer permanecer aqui,

sem desejar qualquer alma que voou

e que jamais conterei no meu abraço.

 

PÉRGULAS V

 

Porém agora, aceita-me depressa!

Dá-me teu corpo sem mais sonegação

e sem qualquer chantagem de emoção,

que teu desejo em ti não amorteça.

 

Dá-me tua flor, sem que o amor padeça,

entre elegias e períodos de ilusão,

vem demonstrar por mim igual paixão,

saudável, simples, que não mais se esqueça,

 

sem pretender qualquer indisposição,

já que um orgasmo despede todas elas,

enquanto dura a sua intensidade,

 

por curto seja o momento da paixão,

quando se abrem todas as janelas,

nesse momento da mais breve eternidade!

 

PÉRGULAS VI

 

Essa tua pérgula tem colinas paralelas,

conduzindo aos canteiros do jardim,

quando tua flor se há de abrir por mim,

rebrilhando do orvalho das estrelas,

 

lábios vermelhos à espera das estelas,

que ergo para ti, rosa e jasmim,

num pedúnculo entre veias de marfim,

caule e corola das expressões mais belas.

 

Quando te vejo a meu lado caminhando,

eu quero tudo em ti, boca e cabelos,

ombros macios, cintura delicada,

 

as nádegas redondas ondulando,

os seios generosos em desvelos,

mas de tua alma eu não diviso nada!

 

PÉRGULAS VII – 11 out 23

 

E desse modo, por mais seja poeta

e conserve meu pendor para o abstrato,

por que me esconderei em tal recato,

preso somente em minha visão de esteta?

 

Não é teu pensamento que me inquieta,

respeito o sentimento teu de fato,

mas é teu corpo que me dá o trato,

teu coração que me faz erguer a seta,

 

cujo alvo almejado é tua vagina

e não teus olhos ou o meigo palpitar,

nem é teu ventre, de fato, o meu penar,

 

porém teu útero a razão de toda a sina

e tuas trompas mais além quero tocar,

com a força plena a que o sêmen se destina!

 

PÉRGULAS VIII

 

Logo depois que tiver desafogado

a próstata e a vesícula seminal,

eu me retirarei, que é natural,

mas não antes de te haver proporcionado

 

maior delícia que o prazer por mim gozado,

pois a que serve o sexo, afinal,

senão para elevar o ser mortal,

para um instante de sonho aveludado?

 

Porém depois, eu pensarei em beijo,

já satisfeita a mais premente ânsia,

nessa agonia a que chamam pós-coital

 

e beijarei teus mamilos nesse ensejo

e tocarei teu clitóris nessa instância,

quando trocarmos cem carícias no final.

 

PÉRGULAS IX

 

Só depois eu beijarei o teu pescoço

e tuas orelhas morderei de leve,

quando o pênis reerguer-se já se atreve,

já meio ansiado por novel retoço;

 

se me disseres ter de fazer o almoço,

te pedirei novo momento breve,

que amor uma outra vez se fazer deve,

a preencher entre nós o estranho fosso,

 

qual afirmam os antigos julgamentos,

existente entre nossos pensamentos,

sem que transposto possa ser jamais...

 

Por isso, que outro coito se repita!

Em nossos corpos sem nada de irmortais,

de modo tal a  contagiar os sentimentos.

 

PÉRGULAS X  -- 12 outubro 2023

 

Meus dedos as tuas costas seguirão,

a massagear levemente os arrepios

e que os prazeres corram como rios

por toda a espinha, enlevando teu pulmão,

 

os rins a sacudir em exaltação

e que tuas nádegas de orgulhosos brios

se voltem para mim em novos cios,

a palpitar tal qual que o coração

 

e então cavalgarei o mesmo espaço,

penetrando mais fundo desta vez

em tua perfeita gruta vaginal

 

e sem poderes partilhar do mesmo abraço,

viras o rosto e um beijo então se fez,

como um selo de amor puro e carnal.

 

PÉRGULAS XI

 

E depois que de novo me esgotares,

irei cumprir os rituais das abluções,

enquanto dormes em tuas depressões

pós-coitais, a contemplar-te em meus esgares,

 

contra o espelho ou quiçá os teus piscares,

a mostrar-me diferentes expressões,

talvez porque as minhas ereções,

só de lançar a ti os meus pensares,

 

já novamente se aprestam para a luta

e caso te consiga convencer,

amor faremos outra vez e outra mais,

 

porque esse amor sexual não se disputa,

não é preciso as nuvens percorrer

em mil anseios por glórias imortais...

 

PÉRGULAS XII

 

E se não mais quiseres, tudo bem,

posso esperar enquanto dormes nos meus braços,

aquecer-te novamente em mil abraços:

no dia seguinte eu te amarei também,

 

nesse completo ajuste que se tem,

teus lábios a seguir pelos meus traços,

minha imagem nos teus olhos, brandos laços,

enquanto a tua inteira os meus contém.

 

Que seja assim, a pele contra a pele,

suor contra suor, pelos nos pelos,

cem liquidos trocados nos desvelos,

 

as pálpebras fechadas que se vele,

durante a noite, os corpos satisfeitos,

talvez com as almas repartindo alguns proveitos...

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