sábado, 25 de novembro de 2023


 

 

A FLAUTA MÁGICA VII

(Papagueno e Papaguena)

 

Elas desistem, enfim, e vão embora,

porem Pamina ao castelo retornara

e ali adormeceu no seu jardim.

Monostatos aproximou-se nessa hora;

contudo, ao ver que a Rainha ali chegara,

foi esconder-se para ver o que acontece:

e a Rainha, dentro do sono em que padece,

à filha deu adaga: “Vá matar Sarastro, assim!”

 

Ela concorda, ainda adormecida,

sem saber o que disse, realmente,

e esconde a adaga sob as vestimentas.

Tão logo vê a Rainha de saída,

Monostatos, em desejo contundente,

procura a adaga, porém ao apalpá-la,

consegue só com o toque despertá-la

e é repelido com frases violentas...

 

Mas Monostatos lhe diz que a escutou

quando a Sarastro prometeu matar,

com a adaga que lhe fora fornecida.

“Dê-me um beijo, ao menos...” – suplicou.

“Senhora minha, eu a quero desposar,

mas se recusa meu amor e proteção,

denunciarei a Sarastro a sua traição!...”

Só então a adaga é por Pamina percebida!

 

“Viu agora?  Não adianta mais negar!

Eu assisti quando a Rainha lhe ordenou

e então matar a Sarastro prometeu!

Dê-me o beijo que lhe estou a suplicar

e mais a adaga que sua mãe hoje entregou

e ainda jure que me aceita em casamento!...”

Porém Sarastro apareceu nesse momento

e a Monostatos de seu jardim correu!...

 

A FLAUTA MÁGICA VIII

 

“Sei muito bem do que aqui aconteceu...”

“Eu nem sabia o que estava dizendo,

Senhor Sarastro, mas por que matar pretende

a minha mãe?”  Então Sarastro respondeu:

“Vingança alguma contra ela pretendo:

eu sigo a senda da sabedoria

a qual nenhuma maldade acolheria,

mas só a Luz diariamente acende...”

 

“Mas não deseja também me desposar?

Não foi por isso que me raptou?...”

Sarastro respondeu-lhe, sorridente:

“Com uma filha ninguém pode casar...”

“Como assim?” – a princesa se espantou.

“A Rainha é sua mãe, mas sou seu pai

e numa bruxa transformá-la vai;

só retirei-a de sua maldade permanente...”

 

“Mas e Tamino, que ela me enviou...?”

“Se demonstrar ser-lhe um digno marido,

eu mesmo celebrarei seu casamento...

Submeter-se a três provas aceitou

e por enquanto, a tudo tem vencido;

tenho certeza de que triunfará

e que sua mão então merecerá,

após passar por tal santo julgamento!”

 

Com Papagueno, Tamino a um salão

havia sido conduzido e intimado

a continuar em silêncio por mais tempo;

Tamino vence sempre a provação,

mas Papagueno já não fica mais calado

e finalmente pede a alguém um copo d’água;

uma velha o atende... e tem a mágoa

de saber que é sua noiva... Ai, contratempo!

Nenhum comentário:

Postar um comentário