segunda-feira, 17 de janeiro de 2022


 

 

PERSEU E AS GÓRGONAS III – 20 nov 21

(A Chuva de Ouro, óleo de Gustav Klimt)

 

“Homens põem, porém deuses dispõem”,

qual se dizia no tempo dos helenos;

e assim por Zeus as previsões se repõem

de forma pura, apesar dos mil venenos

que por más línguas propalados soem;

e o destino as fez cumprir em fatos plenos...

Ao ver a pobre Dânae encarcerada,

foi ajudá-la de forma inesperada...

 

Zeus transformou-se numa chuva de ouro,

penetrando por uma das janelas

e a cobriu com tal chuva, sem desdouro,

em milagroso casamento de procelas:

seios e ventre, do corpo seu tesouro,

todos os traços de suas faces belas

foram por Zeus empapados totalmente

e a virgem engravidou de tal presente!

 

Claro que houve quem mal dela falasse,

mas era impossível em seu quarto penetrar...

Lactâncio, como a lenda o perturbasse,

vendo nela semelhança singular

com o nascimento de Jesus e assim achasse

que poderia alguém levar a blasfemar,

afirmou que Praectos na torre se insinuara,

(o irmão de Acrísio) e à sobrinha engravidara! (*)

(*) Lactâncio, filósofo cristão, também viu alusão ao Massacre dos Inocentes.

 

O tio teria pensado que, ao morrer

o seu irmão pela própria mão do neto,

não poderia este a seu trono ascender

e assim cumpriria seu sonho mais dileto

de no trono de Argos a Acrísio suceder;

por um castigo alcançaria seu objeto,

quer mandasse matar o seu sobrinho

ou exilá-lo para qualquer outro caminho...

 

Praectos obteria então certa maneira

de conseguir aquela aia subornar,

que era de Dânae a ama e carcereira;

e sendo irmão do rei, podia afastar

aos soldados, por mais fosse altaneira

a sua fidelidade em tal guardar...

Até mesmo os cães ferozes conhecia

que o rei em torno à torre distribuía...

 

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