sábado, 29 de janeiro de 2022


 

 

PERSEU E AS GÓRGONAS X – 27 nov 21

(EURYALE, A GÓRGONA BELA)

 

Terrível coisa é contemplar ao sobre-humano!

Assim com Sêmele, a mãe de Dionyso,

que morreu calcinada, quando ao soberano

Pai dos Deuses teve diante de seu viso;

também Jeová, àquele Moisés arcano

não permitiu, por resguardar-lhe o siso,

o seu semblante em glória contemplar:

só ao ver-Lhe as costas, sua face a rebrilhar!

 

Pois de Medusa, só a fisionomia

bastava para a vida exterminar!...

Ao ver a irmã, no horror em que jazia,

Esteno suplicou à Athena lhe perdoar;

que “ficasse igual a ela” então pedia

e assim Athena lhe atendeu ao suplicar:

como Medusa ficou igualmente feia,

que até de olhar a si mesma se arreceia!

 

Para Euríale a sábia deusa se voltou:

“Também você algo deseja suplicar?”

“Amada deusa, nenhum pecado me tentou:

quero somente como antes continuar!”

E a Tritônides Athena a transportou,

para um novo e belo templo lhe fundar

e conferiu-lhe a imortalidade

em recompensa por sua fidelidade!...

 

Foi a esta que Hermes o enviara

e como usar as suas sandálias o orientou,

até que as costas da Líbia divisara...

“Meus pés desnudos o sol já requeimou,

que meu auxílio à lerdeza condenara!”

Com o capacete para o Olimpo retornou;

Perseu seguiu ao longo do deserto,

até que o templo foi ficando perto...

 

Desceu perante o pórtico, equipado

com o escudo, o capacete e Chrysaor,

as duas sandálias em cada pé alado

e Euríale o recebeu em grão favor:

“Tenho um banquete no átrio preparado;

Zeus me avisou de um visitante de valor

e Athena espera que lhe dê informações

para atingir de minhas irmãs as habitações...”

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