sexta-feira, 14 de janeiro de 2022


 

 

PERSEU E AS GÓRGONAS

(Mitologia helênica, versão poética William Lagos, 19/8/14)

(Para o Dr. José C. T. Giorgis) -- Revisado a 18 nov 2021

 (Dânae, óleo de Ticiano Vecellio)

PERSEU E AS GÓRGONAS I – 18 nov 21

 

Acrísio, o rei de Argos, muito ansiava

por ter um filho que no trono o sucedesse;

à sua esposa Eurídice muito amava,

embora só uma filha ela lhe desse;

e a resposta que tanto procurava

deu-lhe o Oráculo, depois que o consultasse:

Em tua alegria, a tristeza está presente,

pois serás morto por teu filho, finalmente.

 

A Acrísio amedrontou a profecia

e desistiu de qualquer filho, prontamente,

mas escutando o que a esposa lhe dizia,

mandou afogar cada um filho inocente

que de suas servas a luz do mundo via,

mas uma delas advertiu-o, friamente:

“Tua filha Dânae ainda é uma criança,

Porém por ela sofrerás a minha vingança!”

 

Destarte, o rei a mandou encerrar

em alta torre, próxima ao castelo,

pois sozinha não poderia engravidar.

Talvez devesse à sua vida pôr um selo...

Mas se eu morrer, quem minhas cinzas vai honrar?

E muito embora seu coração fosse de gelo,

fez que lhe dessem todos os cuidados,

sem permitir que tivesse namorados...

 

A mãe de Dânae era sua própria esposa,

a mesma Eurídice, que outros filhos não tivera;

matar a própria filha, ação maldosa,

contrariaria a moral que mantivera

o povo helênico como sendo a mais preciosa;

por má que fosse a profecia que recebera

da Pítia, seu sangue não podia derramar

e ao mesmo tempo, não a queria preservar...

 

Foi-lhe explicado então que a profecia

da Pitonisa de Delphos, onisciente,

às mãos de um neto a morte lhe previa;

um neto é filho duas vezes, certamente...

Mas cada aedo o seu poema redigia

como melhor lhe fosse conveniente,

ou talvez para obter a recompensa

de qualquer rei com diferente crença...

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