sábado, 30 de abril de 2022


 

 

O MATADOR DE DRAGÕES V – 30 DEZ 2021

(Imagens Dragão Azhdaya)

 

“Você nunca ouviu falar de suas irmãs?”

“Na verdade, ninguém nunca me contou,

só percebi que certa gente se calou,

quando sobre minha família eu quis saber...”

“Fique sabendo que Norawa, o vento norte,

as arrancou do solo ao bel-prazer

e as arrebatou sobre montes de bom porte,

sem que seu pai as pudesse então reter:

foi de tristeza que ele veio a falecer!”

 

Esse Morawa se aliara a três dragões:

Azhdaya, Bauck e Abtriya;

para ajudá-los é que as raptaria,

pelo rancor de seu pai que os derrotou,

mas do qual não conseguia se vingar;

por isso o rei por tantos anos as guardou;

porém Norawa constante estava a vigiar

e assim as engolfou em turbilhões,

para levar cada uma a seus aliados,

recompensa a receber por tais pecados!”

 

“Você deseja essas três jovens resgatar?”

Stoisha só hesitou por um momento:

“Não as conheço, mas tenho o sentimento

de que minha mãe Zorka ficaria feliz,

caso trazê-las de volta eu conseguisse...”

“É  bem sincero, Stoisha, no que diz,

por isso o ajudaremos no que disse;

mas nessa empresa não o podemos acompanhar,

você deve realizar sozinho tal façanha

e enfrentar os dragões com força e manha!”

 

“Cada uma de nós lhe dará agora um dom:

você é forte, mas o torno invulnerável,”

disse Bilyana, em tom considerável.

“Nenhuma arma, mordida, garra ou fogo,

de forma alguma, o ferir conseguirá

e ao encontrar suas irmãs, poderá logo

convencê-las de quem é, mas levará

qualquer prova que sirva de bom tom.”

Disse Lyubika: “Como rei, vai precisar

ler e escrever, que ninguém o possa enganar.”

 

“Pois lhe darei um dom bem diferente,”

disse-lhe Sanya: “Você poderá comer

qualquer coisa que alguém lhe oferecer

e converter todo o alimento em energia;

desse modo, jamais se irá cansar

e por mais que algum dragão o enfrentaria,

sempre no fim o acabará por derrotar!

Agora temos de ir, que o sol ardente

pode ferir e rasgar nossas asinhas:

parta em socorro então das princesinhas!”

sexta-feira, 29 de abril de 2022


 

 

CLEPTOCINISMO I – 23/4/2022

 

Exigiam de nós, dantes, respeito

pelos mais velhos, porém não por nós;

hoje inverteu-se a torcida dos cipós,

são os bandidos que têm todo o direito.

 

O grande monstro ECA, insatisfeito, (*)

contra os adultos se faz severo algoz;

simples palmada virou castigo atroz,

até gritar com as crianças já é defeito!

(*) Estatuto da Criança e do Adolescente

 

E fazem leis de cunho eleitoreiro,

a proteger contra a discriminação,

criando crimes onde antes não os havia,

 

quando a cor de tua pele vem primeiro

e só depois a tua educação,

tudo ao contrário do que antes se dizia.

 

CLEPTOCINISMO II

 

Sempre é uma forma de criar-se mais empregos,

todos pagos com imposto arrecadado;

criar-se um papagaio hoje é pecado,

mas com dinheiro ficam os fiscais cegos.

 

E quando alguém defende a própria vida,

usando arma que não seja registrada,

logo ao ladrão vem defender advogada,

fiança paga, sua saída é concedida,

 

Enquanto a vítima que só se defendeu

ficará presa por delito inafiançável

e sua arma será apreendida, é claro!

 

Logo depois dirão que a prova “se perdeu”

e vai seguir o caminho mais provável,

dada ao assaltante para aguçar-lhe o faro!

 

CLEPTOCINISMO III

 

Por isso, grades hoje têm as residências,

enquanto os meliantes passeiam pelas ruas;

não que as grades resistam às suas puas,

quando assaltam, na maior das impudências!

 

E até em condomínios, suas excelências

vão fazer arrastões com suas gazuas,

estacionam caminhões e deixam nuas

das casas, uma a uma, as dependências.

 

Depois exigem seus direitos humanos,

tem habeas corpus, suas penas reduzidas,

nos raros casos em que há condenação,

 

Enquanto aqueles de quem tiraram vidas

permanecem estendidos muitos anos

nas catacumbas, cada qual em seu caixão.

 

CLEPTOCINISMO IV – 24/4/2022

 

E existir poderá uma distorção maior

do que nas leis contra a discriminação?

Quando uma ofensa tiver comprovação

é um crime sem fiança, bem pior

 

que matar o mesmo afrodescendente,

quando se aguarda julgamento em liberdade...

Pode haver lei mais torta, na verdade?

A um desaforo se respondia, antigamente,

 

Por uma frase mais ou menos contundente?

“Negro é o teu passado, branco sujo!”

E nem iria mais adiante a dissensão.

 

Melhor matar-se então a escura gente

do que ofender-se a esse dito cujo,

para passar-se menos tempo na prisão!

 

CLEPTOCINISMO V

 

Pois afinal, que minoria é essa?

Mais da metade da população

se declarou “não-branca” na ocasião

do último censo em que cor se peça!

 

Assim essa tal lei de tanta pressa

requer bem diversa interpretação.

Devem haver quotas a favor de um alemão,

de um japonês, de italianos, caso meça

 

as verdadeiras minorias no país:

requerer vagas para os poloneses,

os indonésios, bolivianos, portugueses,

 

os espanhóis a requerer o seu matiz,

pois se os negros são maioria, com certeza,

devem apoiar sírio-libaneses com nobreza!

 

CLEPTOCINISMO VI

 

E que dizer-se do homossexualismo?

Sou totalmente contra discriminação,

mas que haja propaganda, na ocasião

em que a criança recebe esse modismo

 

como sendo um aceitável catecismo,

nos livros escolares da nação?

São os impostos a custear a redação

desses opúsculos do maior cinismo!

 

Melhor então, proibir-se o casamento;

proibir às mulheres relações

senão com suas amigas e em provetas

 

criar nenês em novel empreendimento

financiado por mais tributações

sempre esperando que sejam mais discretas!

 

CLEPTOCINISMO VII – 25/4/2022

 

Chegará o ponto em que ser heterossexual

crime se torne mesmo no código penal;

se o fecundar ocorre em ambiente provetal,

então que o sexo hétero seja abolido por inteiro!

 

Assim se escolha o sexo primeiro

e em um Prato de Petri, bem corriqueiro,

que se recorte todo o deeneá ligeiro,

formando homem, mulher ou bissexual.

 

Pois nem ao menos se trata de ficção,

já é prática corrente se escolher,

mesmo ilegal, o sexo prevalente.

 

Bissexualismo, naturalmente, ainda ilusão,

mas as minhocas já mostram duplo ser,

hermafroditismo até bastante conveniente!

 

CLEPTOCINISMO VIII

 

Será mais fácil do que ensinar na escola

ser livre a escolha da própria orientação,

sem deixar à biologia a decisão,

antes que o aluno tenha ciência do que rola!

 

Pois que se ensine a potencialidade tola,

mas sem pressionar, com forte persuasão,

que se deva experimentar a dual noção,

contrária à vida em reprodutiva argola.

 

Que se respeite a escolha individual,

mas não que a criança seja convidada

a aceitar qualquer orientação alheia.

 

Há dignidade no mundo homossexual,

mas sem que a conversão seja ensinada,

em desafio do que a natureza hasteia!

 

CLEPTOCINISMO IX

 

A cor da pele é um critério sem sentido,

todos dispomos da mesma melanina,

forte em alguns e em outros pequenina:

branco é o papel que temos conhecido,

 

negro é o carvão que temos consumido,

raça por cor é preconceito que se ensina,

mas quem recomenda ao garoto ou à menina

que ser branco ou preto poderá ser escolhido?

 

Porque uma coisa é escolha e outra a natureza;

e enfim, que de novo se faça respeitar

tanto os mais velhos como a autoridade,

 

que essa ênfase no infantil, tenho certeza,

só poderá ao adolescente revoltar,

ao descobrir que terá fim sua mocidade.

 

 

 

quinta-feira, 28 de abril de 2022


 

 

O MATADOR DE DRAGÕES IV – 29 DEZ 2021

 

Ao mesmo tempo, tornou-se aventureiro,

vagueando pelas florestas solitárias,

sem temer quaisquer monstros ou alimárias

e certa tarde, cavalgou longe demais,

sem ter tempo de ao castelo retornar;

mas como não temia serpentes ou animais,

decidiu mesmo no escuro repousar,

só avançando até um ponto derradeiro,

em que encontrou a lagoa de uma fonte,

ali acampando, a esperar que o Sol desponte.

 

Mas de repente, sob o clarão da Lua,

ouviu um ruído de asas palpitantes

e logo após, ante seus olhos delirantes,

três fadas nuas vieram se banhar,

justamente nessa água da lagoa;

ficou inquieto, sem saber se as contemplar

seria por elas considerada coisa boa!

Deu-lhes as costas, nessa prudência sua,

para apartar-se silenciosamente,

mas as fadas o perceberam facilmente!

 

Logo uma delas alçou voo de repente

e o segurou com a maior facilidade:

“Não pretendia espiá-las, de verdade!”

“Mas ia embora e deixar o seu cavalo?”

Logo as três a gargalhar o abraçaram:

“Não precisa sentir qualquer abaldo,

nós somos fadas!” – as três lhe proclamaram.

“Nossa nudez é sagrada, realmente!

Não nos importa que venha nos olhar,

que sua inocência é bem fácil de avaliar!...”

 

Asas translúcidas tinham todas três,

como as asas transparentes de libélulas,

de corpo e de feições mais do que belas,

bem mais formosas que as jovens de sua terra!

“Pelas suas roupas, nós o identificamos:

você é o herdeiro treinado para a guerra

e por seu nome, Stoisha, já o chamamos;

só lamentamos que não escreves e nem lês;

podes pensar que tal coisa não importe,

mas no porvir pode bem influenciar-lhe a sorte!”

 

“Eu sou Bilyana,” disse-lhe a primeira.

Falou a segunda: “Meu nome é Lyubika.”

Logo a terceira para trás não fica:

“Eu sou Sanya! Venha se banhar,

esta fonte irá suas forças aumentar,

seu apetite igualmente a ampliar,

mas lhe ensinaremos como o dominar:

habilidade seguramente verdadeira!”

Assim Stoisha despiu-se nesse instante

e com as três se divertiu bastante!...