sábado, 9 de abril de 2022


 

 

O MENINO SEM CABEÇA XII – 13 dez 21

 

O médico era também taxidermista (*)

e executou a tarefa com presteza.

Rudolf pôs em si a cabeça com firmeza...

“Não sente dor?” “Dor em breve se conquista...”

“Porém não vai receber a recompensa!”

“Ora, não se preocupe, quero só o manto

e a coroa, para maior encanto

e mais a roupa que melhor em mim se adensa...”

(*) Empalhador de animais.

 

Esconderam o rei num armário bem à mão

e logo a tempo, porque chegou o vizir,

muito furioso por não poder nada assistir

e apresentando, feroz, sua petição:

“Majestade, recebi ontem sua ordem

de este médico falso esquartejar

e aqui está ele, sem nada mais recear:

é preciso impedir esta desordem!...”

 

“De forma alguma, pois ele me curou

e deverá ser por mim recompensado!”

Era Rudolf que falava do seu lado,

mas o Grão-vizir que fosse o rei acreditou!

Mas foi às ruas, com intenção de denunciar

que o médico havia enlouquecido!

Porém Rudolf já ao terraço havia subido

e de imediato, ali pôs-se a proclamar!

 

“Hoje eu suspendo toda pena de morte!

Minha enxaqueca se curou e era a dor

que me levou a cometer um tal horror:

ninguém mais há de sofrer a mesma sorte!”

Mas colocaram o cadáver sobre o trono

e o Grão-vizir foi de novo se queixar,

sem a cabeça do mago lhe falar:

só resmungava e careteava como um mono!

 

Isto não há de continuar assim!

Não me obedece mais e quer troçar!

Hoje de noite, eu venho me vingar!

Mas Rudolf convocou a corte, enfim,

sentado no trono, com a cabeça do rei,

o manto e os trajos da regalidade,

documentos mostrando com naturalidade:

“Meu herdeiro eu vou nomear, segundo a lei!”

 

“Já estou velho demais para casar

e estes pergaminhos me comprovam:

que o forasteiro é meu sobrinho, aprovam,

filho é de meu irmão morto na guerra!

Portanto, hoje o nomeio como herdeiro

e reitero agora minha proclamação:

não haverá mais em meu reino execução,

foi ontem enforcado o derradeiro!...”

 

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