quarta-feira, 13 de abril de 2022


 

 

O MENINO SEM CABEÇA XIV– 15 dez 21

 

“Temos então de esperar que mate o rei?”

Era questão bastante complicada.

“El-Rei deu ordem para não se fazer nada

e sua palavra permanece como lei!...

Assim o Grão-Vizir chegou ao salão

e encontrou o rei no trono, adormecido:

avançou ao patamar, bem decidido,

e lhe cravou um punhal no coração!...

 

No mesmo instante, avançaram os soldados

e o apanharam com o punhal na mão!

Quis o vizir escapar de sua prisão:

foi ao terraço e deu saltos tresloucados!

Estava morto no chão quando o encontraram,

mas a Rudolf procuraram em seguida:

“A ordem do velho rei será cumprida!”

E sobre o trono depressa o colocaram!...

 

O médico foi às pressas convocado

e do rei costurou às pressas a cabeça,

sem que ninguém notasse, a toda a pressa!

O funeral do velho rei foi realizado,

sendo a seguir Rudolf coroado

e governou com justiça e com bondade,

durante longos anos na verdade,

grande progresso no reino realizado!

 

Pediu ao médico que colasse firmemente

a antiga cabeça do mago no lugar:

não lhe convinha nunca mais a retirar,

nem que pudesse lhe cair por acidente!

Em pouco tempo, bela noiva ele arranjou:

a cabeça do mago era bonita

e descobriu, enfim, coisa bendita:

pois tendo lábios, na boca ele a beijou!

 

É para isso que serve uma cabeça

e não apenas para dar sono ou mastigar...

Que coisa deliciosa era beijar!

E o beijo repetiu a toda a pressa,

sendo logo celebrado o casamento,

após o qual foram os dois muito felizes;

não para sempre, que há tristezas e deslizes,

mas partilhando de grão contentamento!

 

Contudo, o bom doutor ficou intrigado:

bem percebera que com o rei não dera certo,

mas com a magia sonhava até desperto

e acabou enlouquecendo esse coitado!...

E certo dia, fez cortar a sua cabeça,

para ver se dessa vez acertaria...

E é natural que não ressuscitaria:

Presa ao pescoço é melhor que permaneça!

 

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