domingo, 22 de janeiro de 2023


 

 

A APOTEOSE DE HÉRCULES XVII – 20 junho 2022

Doze testemunhas eram então convocadas

para assistir o casamento sendo consumado,

a doze clãs assim representando,

mas doze meses também simbolizando;

nas adoções no passado registradas,

o acolhido se deveria ter acocorado

debaixo de uma égua, assim assegurando

mas a intimidade da mãe futura respeitando;

a pobre égua então seria degolada,

simbolizando a parição em tal hora realizada...

Hércules teria assumido essa função

de porteiro segundo outro simbolismo,

porque teria morrido no solstício do verão,

representado como portal de carvalho

e sua troça de Ártemis em dita ocasião,

que a caça selvagem diminuísse nesse cismo,

que os dias aos poucos se encurtando vão,

até que no equinócio adquiram o mesmo talho,

outra vez encurtando no solstício de inverno,

um mecanismo a repetir-se em grau eterno.

Porém Homero parece ter sido a única fonte

de um duplo de Hércules no mundo da morte,

como um guardião soturno e impiedoso,

de nenhuma outra a provir tal sugestão;

deus semelhante ao herói mostrava ponte

com sua origem entre a Fenícia coorte

de estranhos deuses; de Tiro partira vitorioso,

através do comércio do seu culto a difusão;

também se afirma que a corda trançada

não fora de cabelos de mulher originada.

Seria antes de cabelos de tanistas,

raspados antes de seu sacrifício,

a exemplo de Dalila e de Sansão,

que em Gaza permaneceu aprisionado,

pois em mosaico tais cabelos ainda avistas;

Gaza recebia de Tiro um tal ofício,

dependente como parte da nação,

seu régulo sendo pelo Rei de Tiro indicado;

ainda o apelido de Ipoktonos consequente

de Ofioctonos, “matador de serpente”.

 

A APOTEOSE DE HÉRCULES XVIII – 21 junho 2022

Quando foi Hércules para o Olimpo transportado,

na quadriga de Athena, seus quatro cavalos

denotam ainda um derradeiro simbolismo:

são os quatro anos entre as Olimpíadas,

das quais Hércules é o patrono consagrado

e aqui ainda viram igualmente os intervalos

entre as estações do ano em seu tropismo;

em certas versões conhecidas das Ilíadas,

Hércules é tido como dos jogos o fundador,

em outras fontes sendo somente o executor.

A sua renovação efetivada pela morte,

encontra ainda eco no Livro dos Mortos

do antigo Egito, descrita “como uma serpente

que sua antiga casca descartara,”

em grego arcaico comparando a sorte

do descarte dos horrorosos desportos

de sua túnica a consumi-lo parcialmente,

que a palavra geros a ambos designara;

imagens antigas mostram um Sol quadrado,

símbolo e imagem do herói divinizado.

A mais famosa em Megalópolis se achava,

segundo Pausânias, fazendo parte de um altar,

mostrando o Sol com suas quatro estações,

com Hércules a representá-lo em sua potência,

mas outra imagem em Cnossos se encontrava,

quando o palácio real se conseguiu desenterrar

das cinzas causadas pelas erupções,

em que Hércules do Sol herda a aparência

e no Palácio de Festos também se revelando

como Apollo, mas Zeus Sol ali mostrando.

A noiva divina a Hércules concedida,

chamada Hebe, é a Deusa da Juventude,

no Panteão helênico, mas talvez

representando outra arcaica divindade,

muito antes dos Helenos concebida,

a quem como Hipta, a Mãe da Terra, se alude,

citada nos Cantos Órficos por sua vez,

que a Dionysos recebeu em maternidade,

depois que Zeus na própria coxa o gestou,

e que a partir de então ao alegre deus criou.

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