domingo, 1 de janeiro de 2023


 

 

A MENINA QUE MATOU O PAPÃO

(10 mai 11)

William Lagos (sobre um conto popular chinês)

 

A MENINA QUE MATOU O PAPÃO I  (10 mai 11)

 

Havia uma menina chamada Meiling,

que um dia resolveu fugir de casa.

Varrer não queria, cozinhar não gostava,

lavar roupa era ruim, costurar detestava.

Não queria fazer nenhum trabalho, enfim.

 

Meiling era uma linda chinesinha

e nesse tempo, ninguém ia ao colégio,

mas com as bonecas já enjoara de brincar

e era novinha demais para casar:

queria só ser a princesa da casinha...

 

E como a mãe trabalhar a obrigava,

juntou suas roupas num paninho azul,

penduradas na ponta de uma vara

e, numa noite em que a Lua estava clara,

saiu sozinha para a estrada que a esperava.

 

Ficou cansada, mas era uma aventura...

Já de manhã, chegou em uma cidade.

A sua presença chamou muita atenção

e logo apareceu um batalhão

de gente cheia de curiosidade pura.

 

Quase em seguida, arrumou um protetor,

que lhe arranjou uma casa pra morar.

Mais outros seis cuidaram de Meiling,

chamados Tchang, Tcheng e Tching,

Tchong, Tchung, Tchiang e Tchieng, por amor.

 

Cada um ficou com um dia da semana

para visitar Meiling e cuidar dela...

Trouxeram móveis, roupa e cobertor,

fogão e comida do melhor sabor...

Da boa sorte Meiling logo se ufana...

 

A MENINA E O PAPÃO II

 

Mas logo viu que não era bem assim:

já não podia bancar a princesinha...

Para comer, precisava cozinhar,

tinha de a casa varrer e até espanar:

desiludiu-se a pobre da Meiling!

 

E como era menina bem limpinha,

logo suas roupas precisou lavar...

Depois ganhou um ferro de passar,

aos poucos, aprendeu a costurar:

o resultado de ir morar sozinha!

 

Era obrigada a preparar o almoço,

pois descobriu que nada vem de graça...

Quando os amigos a vinham visitar,

traziam roupas para ela costurar...

para lavar, ia tirar água do poço!...

 

No fim, ao invés de somente obedecer

ao pai e à mãe, obedecia a sete!...

Eles eram gentis e delicados,

mas insistiam em receber os seus cuidados

e Meiling começou a se arrepender...

 

Em casa, só atendia à mãe e ao pai,

que lhe faziam todas as vontades.

A mãe só lhe ensinava o treinamento

de que iria precisar no casamento...

Pode custar, mas no fim, a ficha cai!

 

Assim, Meiling já cozinhava bem;

acostumou-se com as domésticas tarefas

e então pensou que estaria bem melhor

na casa de seus pais, onde menor

seria o trabalho a realizar também!...

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