quarta-feira, 14 de abril de 2021


 

 

A PALAVRA DO PROFETA I – 7 ABR 21

 

“O HOMEM RICO ERA DONO DE UM REBANHO

DE OVELHAS GORDAS E DE PURA LÔ,

AO REI NARROU O PROFETA NATHAN,

NUMA PARÁBOLA DO MAIS PURO AMANHO.

 

“O HOMEM POBRE TINHA SOMENTE O GANHO

DE UMA OVELHA QUE NASCERA TEMPORÃ,

A QUAL CRIARA NO MAIOR AFÃ,

TENDO POR ELA AMOR DE IGUAL TAMANHO

AO QUE TERIA POR SUA PRÓPRIA FILHA;

E ACONTECEU QUE O HOMEM RICO, SEM RAZÃO,

MANDOU MATAR A OVELHA DO VIZINHO.”

 

“E NUM BANQUETE EM QUE PRATOS EMPILHA,

ELE A COMEU, MOVIDO DE AMBIÇÃO,

NO PURO ORGULHO DE SEU DESCAMINHO!...”

 

A PALAVRA DO PROFETA II

 

“NÃO SATISFEITO, PARA QUE SEQUER NOTASSE,

MANDOU O SEU VIZINHO PARA A MORTE,

ISOLADO NAS TERRAS LÁ DO NORTE,

QUE ESSA GENTE DE MÁ ÍNDOLE O MATASSE,

 

“SEM QUE AO MENOS TAL HOMEM RECORDASSE

QUE SEU VIZINHO AMIZADE DE BOM PORTE,

POR LONGO TEMPO, PIOR QUE FOSSE A SORTE,

DE SEU DESTINO FIELMENTE PARTILHASSE...”

DISSE O REI: “TREMENDA É ESSA MALDADE,

MERECE O HOMEM RICO A PUNIÇÃO

QUE SE RESERVA PARA O PIOR LADRÃO!”

 

“PORÉM ÉS TU ESSE HOMEM, NA VERDADE,”

DISSE O PROFETA.  “DE TEU SERVO URIAS

TOMASTE A ESPOSA, BETSABÁ, POR CRUÉIS VIAS!”

 

A PALAVRA DO PROFETA III

 

FICOU O REI YEHOSHABEATH HORRORIZADO,

ESSE MESMO QUE APELIDARAM DE DAVI:  (*)

“EMBORA SEMPRE HONESTO A DEUS SERVI,

SOU RÉU DE CRIME POR MEU VASTO PECADO!”

 

O REI DAVI FOI DEVIDAMENTE CASTIGADO,

QUAL NARRATIVA NO TESTAMENTO EU LI,

MAS GENEALOGIAS DE IGUAL MODO EU VI

E DE BETSABÁ NASCEU UM FILHO HONRADO,

QUE SEM SER O PRIMOGÊNIO, FOI O REI,

O SALOMÃO QUE PEDIU SABEDORIA

E NÃO VITÓRIAS OU RIQUEZAS OBTER.

 

E ENTRE OS ASCENDENTES O ACHAREI

OU DE JOSÉ OU DA VIRGEM MARIA,

DE QUEM O MESSIAS HAVERIA DE NASCER...

 

SONETOS MONSTRUOSOS VI

A ABORTEIRA I – 8 ABR 21

 

O mundo está cheio de gente demais!

Vivendo na miséria, em dor e fome,

Frio e pobreza que a vida lhes consome,

Por que deixar que nasçam ainda mais?

 

Por vasta prole assim julgam-se imortais,

Leis contrario que a este mal não dome,

A morte ajudo que de fato a tudo come,

Essas crianças seguirão trilhas iguais!

 

Pois isso impeço.  Há muitas que me pedem;

Eu as auxilio e nem é pelo dinheiro,

Passo a sujeira dos outros a limpar,

Com as mãos retiro os fetos que ali fedem,

De tantas mulheres arranco o derradeiro

Espasmo pelo orgasmo que ansiaram por gozar!

 

A ABORTEIRA II

 

Bem reconheço o que ocorre muitas vezes:

Não são as pobres que vem me consultar

E sim as ricas transgressoras a clamar,

Quando se encontram na gravidez de meses.

 

São movidas por egoísmo que desprezes

E dessa cria só desejam se livrar,

Que sua vaidade se possa conservar

Nessa aparência que mais bela peses...

 

E pela morte me pagam facilmente,

Seja do fruto qualquer de um adultério,

Seja do filho concebido em matrimônio.

E ganho a vida para o bem da gente

Que não deseja o mal do puerpério,

Mães desvairadas por artes do demônio!

 

A ABORTEIRA III

 

Pouco me importa.   É minha profissão

Não me arreceia ser um crime o aborto,

Nem alma têm os bonecos que assim corto

Ou caso a tenham, não me importa aonde vão.

 

Já disse antes que há no mundo profusão:

Tanto bebê que deveria ser morto,

Nasce doente ou retardado, nasce torto,

Só o sofrimento pela vida alguns terão!

 

Da sociedade eu executo a poda:

Galhos cortados brotarão mais fortes,

Mais lugar abro assim para os melhores,

Fruto querido de satisfeita boda

E que na vida gozarão melhores sortes,

Meus próprios lucros a deixar maiores!

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