sábado, 10 de abril de 2021


 

 

CAPTURA I – 28 MAR 2021

 

Diante do olhos um corpo de mulher,

no apogeu de sua atratividade,

a sua nudez a revelar sinceridade:

é o domínio dos homens que ela quer.

 

Nada de errado se ela assim quiser:

pode escolher com maior facilidade

essa semente de reprodutividade,

a fim de ter a melhor prole que puder.

 

Nem todas têm a mesma formosura

e se deixam seduzir por um qualquer,

enquanto sua atração ainda perdura,

mas todas vivem o perpetuar da raça

e seu instinto é que as leva a ser

depositório de semi-eterna graça...

 

CAPTURA II

 

Toda mulher conhece por instinto

o transitório dessa atratividade;

não há beleza de carnal perenidade

esse lamento no coração eu sinto.

 

Ao ver jovem beleza, então pressinto

a permanência da transitoriedade;

no corporal não se vê a eternidade,

futuras rugas dentro da mente pinto.

 

Isso faz parte do amor, parte de mim:

que possa lastimar nisso que existe

o que o futuro há de trazer-lhe assim;

bem mais que eu ela se transformará,

a velhice da mulher é bem mais triste

nos grãos de luz que sua face perderá.

 

CAPTURA III

 

Desde o momento em que a arte visual

se aprimorou, buscou-se conservar

para o futuro, antes de se desgastar

esse beleza então tida por ideal.

 

Povos antigos a conservaram mal,

sem terem técnica para a desfrutar,

apenas seu esboço a então guardar,

na angústia plena do decair final.

 

O ideal greco-romano se afirmou,

mas não por ser ideal, por ser real:

modelos vivos que alguém copiou.

E quando vejo essa beleza que restou

em fotografia do feminino sideral,

mil graças rendo a quem a conservou.

 

SONETOS MONSTRUOSOS

O SERIAL KILLER I – 29 MAR 2021

 

é quando mato que me sinto vivo:

maior prazer não há que o do estertor

da vítima em final ato de amor,

penhor final desse meu ato esquivo:

é quando a vida em seus lábios desativo

que sinto o orgasmo mais arrebatador;

o mundo inteiro renovo nesse ardor

e a vida escapa para meu próprio crivo;

essa mulher não rouba minha semente,

ao fingir que só permite o que mais quer:

tirar de um homem sua vida permanente!

certo lhe dou minha vida nesse instante,

mas tomo a dela e então faço-me mulher,

na execução de meu beijo delirante!..

 

O SERIAL KILLER II

 

dificilmente entendes o que sinto;

nem sei se agora posso te explicar:

a juventude ela conserva no expirar,

que não irá fenecer assim pressinto;

a sua beleza em conservar consinto,

vejo que é bela, mesmo sem se maquiar,

mas logo a face se deixa a desejar,

a contrariar seu maternal instinto...

feliz aquela que jovem desfalece,

sem o seu degredar jamais sofrer;

de bela continuar sua oculta prece

que aos santos todos dirigir irá,

mas essa reza somente eu vou atender,

pois sua velhice assim nunca sofrerá!

 

O SERIAL KILLER III

 

talvez me julgues ser monstruosidade,

mas da velhice serei o executor,

sua morte jovem será meu ato de amor,

não passará pela transitoriedade;

e quando a mato, igual que divindade,

esse prazer que sinto, igual que a dor

que lhe provoco no momento de pavor,

bela a conservo para a eternidade.

e em tal instante, sem pecaminosidade

eu realizo o verdadeiro matrimônio:

não busco a prole, somente o corpo dela,

que então conservo, em ato de bondade

e nesse instante final, não sou demônio,

porém arcanjo que preserva essa donzela!


NA ILUSTRAÇÃO A ATRIZ FRANCESA

ANOUK AIMÉE, FAMOSA EM SEU TEMPO.


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