segunda-feira, 19 de dezembro de 2022


 

 

HÉRAKLES E OS DRYOPIANOS I – 29 maio 22

(O Selo de Theiodamas, achado em Bajaur)

Ainda acompanhado por seus aliados Arcadianos,

Até ao sul da Trácia Hérakles jornadeou,

Onde permaneceria algum tempo sem lutar,

Sob a proteção de seu rei Ceyx (*)

Mas durante a viagem encontrou os Driopianos,

Na região em que o Monte Parnasso contemplou

E ali seu rei Theiodamas foi achar,

Arando o campo. Ao que tudo indique,

Queria um pretexo para fazer a guerra,

Contra esse povo, invasor daquela terra.

(*)  Pronunciado “Ceíque”.

Ou, pelo menos, era o que se afirmava.

Theiodamas seguia o arado que dois bois puxavam

E assim Hérakles foi pedir-lhe um de seus bois,

Que naturalmente Theiodamas recusou,

Razão por que Hérakles rápido o matava

E degolava um boi, cuja carne logo devoravam

Os seus aliados Arcadianos.  Porém, logo depois

Do sulco aberto pelo arado seu filho Hylas resgatou,

Cuja mãe diziam ser a ninfa Menodice,

Filha de Órion, como na época se disse.

Mas o que de fato a Hérakles enfureceu,

Foi quando retirou o boi do arado

E viu o pequeno Hylas sobre a terra,

Que Theiodamas pretendera sacrificar

E garantir assim para esse campo seu

Uma colheita abundante e de bom grado.

Essa maldade o nosso herói encerra,

Ao pai desnaturado indo então decapitar

E a Menodice, sua mãe, o devolveu,

Mas ao povo da cidade seu ato enfureceu.

Existe aqui realmente um paralelo

Com o artificio por que foi desmascarado

Odisseus de Íthaca, que fingia loucura,

Para não ter de ir a Tróia combater.

Seu filho Telêmaco colocaram nesse zelo

Diante do arado por seu pai empurrado,

Que então o deteve da forma mais segura;

Talvez lembrassem de Theiodamas pretender,

Nessa noção odiosa da religião antiga,

Que o sacrifício infantil melhor ceifa consiga!...

 

HÉRAKLES E OS DRYOPIANOS II – 30 maio 22

Contam também que depois que ao rei matou,

Em seu trono colocou um certo Fylas,

Mas também este acabou executado,

Porque o templo de Apollo violara;

Em defesa de Delphos, Hérakles o atacou

E acrescentou sua filha Meda às longas filas

De princesas que com frequência fecundou

E Antíoco no seu ventre assim gerara,

Que foi depois para Athenas enviado,

Uma demé ou tribo tendo dele derivado.

Então a revolta dos Dryopianos derrotou

E os expulsou da cidade que fundaram

Junto ao Monte Parnaso e em seu lugar

Colocou os Molianos, que o haviam ajudado

E para eles sua legítima terra recobrou.

Aos principais Dryopianos escravizaram

E para Delphos como oferta os enviar,

Mas Apollo não os quis em seu lugar sagrado,

Porque o templo não tinha deles precisão

E os liberou da temporária escravidão.

Foram mandados para o Peloponeso,

Do Rei Euristeu entregues à discrição,

Que justamente, por sua antiga inimizade

Com Hérakles lhes deu terra conveniente,

Sua população logo acrescida de mais peso

Por outros fugitivos de sua própria nação,

Autorizando-os a ali fundar uma cidade,

Mas vendo um vasto espaço ali assente,

Fundaram três, Hermíone, Éion e Asine,

Para fugitivos que ali outra vez o rei destine.

Mas os Dryopianos eram muito numerosos

E alguns partiram para a ilha de Eubéia,

Enquanto outros em Chipre se instalaram

E a ilha de Cynthos igual colonizaram,

Mas esqueceram sua origem os mais ditosos

E somente o povo de Asine a sua odisseia,

Segundo Diodoro Sículo, ainda recordaram,

Que cada dois anos os festivais celebraram

Em memória de Dryops, o seu antecessor,

Em um santuário erigido em seu louvor.

 

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