sexta-feira, 13 de agosto de 2021


 

 

MATERNA MENTE I – 7 AGO 21

DE UMA ESPUMA DE SANGUE VÊNUS NASCE.

INTEIRA, BELA, BRUMA DE ESMERALDA,

NO SEU OLHAR A COR DO OCEANO ESCALDA,

QUAL FAUNA INTEIRA DESSE MAR CANTASSE

E EM CABELOS DE OURO SE ENROLASSE,

COMO ALGAS A LUZIR, PENHASCO E FALDA,

O SANGUE NO SEU SANGUE FEZ-SE EM CALDA

E OS SEIOS MOSTRA TAL QUAL SE DESEJASSE

AMADA SER COMO PROVOCA O AMAR,

NA TÍMIDA CERTEZA, NÉVOA E VÉU.

DONZELA AINDA E MÃE DA HUMANIDADE

E NESSA PELE SE REFLETE O MEU SONHAR,

NA DENTADURA O REBRILHAR O CÉU,

NO RÓSEO VENTRE TOTAL FECUNDIDADE.

 (Na ilustração, Grace Kelly)


MATERNA MENTE II

NÃO É QUE A DEUSA SEMPITERNA SEJA,

ELA RENASCE EM ROSA PEREGRINA

A CADA VEZ QUE NASCE UMA MENINA,

A CADA VEZ QUE ADOLESCENTE  SEJA,

A CADA VEZ QUE A MAIS AMOR SE ENSEJA,

A CADA VEZ QUE OUTRO OLHAR FASCINA,

A CADA LÚBRICA JÓIA FESCENINA,

CADA CLITÓRIS QUE ALGUM MEATO BEIJA,

POIS EM CADA MULHER SE ENCONTRA A DEUSA,

NA MÃE, NA VIRGEM, NA AMANTE, EM CADA ANCIÃ

ESTÁ O OLHAR DE AFRODITE QUE ARREBATA,

EM CADA RUGA O ROSTO MAIS SE ENDEUSA,

SÃO ONDAS A FL UIR NA LUZ PAGÃ

QUE NOVO CANTO DE AMOR EM MIM DESATA.

 

MATERNA MENTE III

CANTO A AFRODITE PORQUE NÃO ME PERTENCE,

SOMENTE DELA TIVE FRAGMENTOS,

QUE ME ACOLHERAM EM SEUS MEIGOS INTENTOS,

ONDE A DEUSA DO PASSADO ASSIM SE ADENSE.

NÃO QUE AFRODITE OU VÊNUS EM MIM PENSE,

QUE ME FITE EM LANGUIDEZ DE OLHARES BENTOS

OU QUE ME LANCE DE LONGE BEIJOS LENTOS,

MAS PORQUE EM CADA MULHER ALGO ME VENCE,

JÁ QUE ELA VIVE DE PERMEIO À HUMANIDADE

E A CADA HOMEM PRETENDE POR ESCRAVO,

POR QUE HAVERIA DE ESCOLHER A MIM?

SOMENTE AS CÉL ULAS DE SUA FEMINILIDADE

É QUE DE LEVE ABRAÇO E NÃO DESBRAVO

NO ETERNO ENIGMA DAS FLORES DE UM JARDIM.

 

ANSIOSA MENTE I – 8 AGO 2021

UM ESFIGMOMANÔMETRO A MEU PEITO

APERTA SEM PIEDADE E MEDIR QUER

AS SÍSTOLES MALSÃS DO MEU QUERER,

AS DIÁSTOLES A PRODUZIR CADA DEFEITO.

IGUAL QUE UM RIO A VIDA CORRE O LEITO

E É INÚTIL DESVIAR DESTE MISTÉR;

 DURA É A ROCHA, MAS VOU TENTAR, SE DER

DAREI À VIDA AINDA O PRÓPRIO JEITO,

PORQUE NÃO DESISTO, AINDA INSISTO

EM CRIAR NOVAS FORMAS E ÂNSIAS NOVAS,

OS MEUS OLHOS UNGIR COM MAIS DESEJO

E POR MAIS QUE SUSPEITE SER MAL VISTO

PELAS ÓRBITAS VAZIAS DAS PRÓPRIAS COVAS

OUTRO FUTURO PARA MIM AINDA ALMEJO.

 

ANSIOSA MENTE II

MEU PEITO É O GLOBO CINZA QUE TE ABRAÇA,

AMADA MINHA; E OS NEGROS CARACÓIS

JÁ MUDARAM DE NUANCE SOB OS SÓIS

DOS MAMILOS PERFEITOS DE TUA GRAÇA;

MEU PEITO É NUVEM GRIS QUE AGORA ESPAÇA

SEUS ANSEIOS DE CHEGAR A TEUS FARÓIS;

MEU CORAÇÃO, QUE NO TEU PEITO MÓIS,

NÃO SE RENOVA MAIS COM A ANTIGA MASSA.

SOU PEDAÇO DE MIM, DEI-ME DEMAIS,

PERDI-ME EM MIL RETALHOS DE JAMAIS,

FUI AFINAL NÃO MAIS QUE SERESTEIRO,

O PADRINHO DAS NOITES SEM MEMÓRIA,

A PIA BATISMAL DA ANTIGA HISTÓRIA,

SECA ÁGUA BENTA DE SONHO DERRADEIRO.

 

ANSIOSA MENTE III

AMOR É MORNO AMOR E MORNA A SORTE,

CANTAR É CONTA AZUL, FLOR DE CAPIM,

CÍRIO DE LÍRIO EM CARNE CARMESIM,

AMOR É VIVA DOR E A SORTE É MORTE.

AMOR É AMOR RASGADO EM VIVO CORTE,

UM TALHO MULTICOR QUE VIBRA ASSIM

E BROTA E JORRA, VERMELHO ESSE JASMIM,

NESSE GOLPE ENVIESADO QUE ME ENTORTE,

QUE AMOR É MORTO ASSIM, A NEGRA LUZ

QUE EMPOLGA O PEITO EM COR INESPERADA

TRAGICOMÉDIA NÃO MAIS O MEU POEMA,

AGRIDOCE TALVEZ COMO ALCAÇUZ

NESSE SABOR DA ESPERA INDESEJADA

ANTE O FULGOR DA MAIS ARCANA GEMA.

 

CONFUSA MENTE I – 9 AGO 21

NÃO TENHO PARA MIM IDEAIS CLIMÁTICOS,

NÃO SOU VEGETARIANO NEM CARNÍVORO,

MEU DEVORAR DA TERRA FOI ONÍVORO,

MEUS CANTARES DA VIDA SEMPRE ENFÁTICOS,

MESMO ALGUNS VERSOS SENDO UM TANTO CÁUSTICOS

EM SEU MASCAR E RUMINAR HERBÍVORO,

NÃO ME COMPARO A UM QUIRÓPTERO INSETÍVORO, (*)

LANCEI-ME MESMO A DESAFIOS NEFELIBÁTICOS,

MAS CONTEMPLO MEUS FANTASMAS NESTA HORA,

EMBRANQUECIDA A MÁGOA E TODA EXANGUE,

É TEMPO JÁ DE PROCURAR NOVA ALEGRIA

DE PAR A PAR COM MEU JÁ LONGO OUTRORA,

NO TRANSFUNDIR DE VOLTA DE MEU SANGUE

QUE A MEU REDOR ESGUICHEI SEM HARMONIA.

(*) MORCEGO

 

CONFUSA MENTE II

 

AFRODITE SE FEZ MODELO DE MULHER,

QUE ANTERIORMENTE TALVEZ FOSSE DIFERENTE,

A DOMINAR COM SEU OLHAR OPALESCENTE,

SEM QUE OUTRO EU POSSA IMAGINAR SEQUER;

FOI ESSA IMAGEM DOS DEUSES QUE NOS QUER

TRANSMITIR COMO IDEAL ESTRITAMENTE,

TALVEZ DIVERSO SEMBLANTE SE APRESENTE

ANTES QUE A DEUSA VIESSE A ARGILA REMEXER.

POIS DESDE ENTÃO NEM SEQUER NÓS CONCEBEMOS

COMO A MULHER PODERIA TER OUTRO FORMATO,

QUÃO DIVERSO HOMEM DE SEU VENTRE SAIRIA,

MAS NESSE VULTO AFRODISÍACO NOS VEMOS,

QUER SEJA LÚBRICO, QUER DE TOTAL RECATO,

QUE SÓ O SEMBLANTE DIVINO COPIARIA.

 

CONFUSA MENTE III

ASSIM MEUS SONHOS SÃO APENAS DA MULHER

QUE CONTEMPLEI AO LONGO DA EXISTÊNCIA,

NÃO ME CABE CONCEBER OUTRA POTÊNCIA

QUE EM DIVERSIDADE DETALHES NOS REQUER.

E SE ME PERCO EM ADJETIVOS DE ALENQUER

É QUE NO FUNDO ESCUTO A INSISTÊNCIA

DO QUE PODERIA TER SIDO SEM A ARDÊNCIA

DESSE SANGUE DE ARGILA A NOS MOVER.

E FICO A MASTIGAR O MEU SARCASMO,

NESSA ELOCUBRAÇÃO DE ALGUM FANTASMA,

QUE ME PUDESSE OFERTAR DIVERSO ORGASMO

E ENTÃO ME ENROLO NA TRAMA DO MEU PASMO,

SEM MAIS FERMENTO A CONTEMPLAR A VIDA ASMA,

COMO UMA HÓSTIA EMPAPADA DE MARASMO!


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