domingo, 12 de junho de 2022


 

 

A FADA ARANHA IX – Revisado 19 jan 22

 

Marchou Leora em direção ao norte,

com a Água no cantil, Pão no bornal

e mais um saco de moedas esverdeadas,

por enfrentarem o ar, azinhavradas

e se dispôs a buscar a melhor sorte...

Mas assim que ela partiu, o rei ordenou:

“Leve esse bicho para o lugar de que o tirou!

Mal consigo contemplar tal ser nojento!...”

Então mandou chamar, em tal momento,

Mordomo e aia, para premiá-los, afinal!...

 

“Vocês agiram muito bem e a recompensa

ser-lhes-á paga por meu tesoureiro!...”

Sem discutir, todos dois agradeceram

e a Aranha Negra levou seu carcereiro,

para guardá-la na masmorra imensa...

Eram elas símbolos da antiga dinastia

e Belezzar a sua raiva só fingia,

como pretexto para mostrar ao povo,

na eliminação do último renovo

dessa linhagem que reinara ali primeiro.

 

De fato, não esperava que Leora

de sua missão jamais pudesse retornar;

e se o fizesse, tarde demais seria,

porque a menina muito antes mataria...

De qualquer modo, ordenou que tropa fora

Leora em todo o caminho a espionar...

Se por acaso, chegasse a retornar,

que a lançassem num buraco fundo!...

Pois votava a Leothar ódio profundo

E só queria mais mal lhe provocar!...

 

Após um mês de marcha, sem sucesso,

a uma floresta tenebrosa chegou Leora,

sendo atacada por um bando de ladrões!

Desapontados com o cinábrio dos dobrões,

bastante depreciados no seu preço,

eles abriram seu cantil e seu bornal,

recuando ao ver como cheiravam mal

aquele Pão e aquela Água que repassa:

“Vá-se embora!  É mensageira da desgraça!”

E até as moedas lhe devolveram nessa hora...

 

A FADA ARANHA X – Revisado 20 jan 22

 

Sem entender por que a haviam libertado,

ia Leora prosseguindo o seu caminho,

quando os ladrões, sem aviso, retornaram

e sem palavra, num poço seco a derrubaram,

sem qualquer súplica lhe terem escutado!

Ela batia com força nas paredes,

Mas o Manto a protegia como redes

e caiu em pé sobre seus dois Tamancos,

mas nesse escuro só se movia aos trancos,

presa no fundo tenebroso de azevinho...

 

Mas tão logo no exterior caiu a noite,

sem lhe mostrar sequer a luz de estrelas,

divisou Leora uma luzinha vermelha

por uma fresta da parede velha

e começou a puxar tijolos com afoite,

a rubra luz cada vez mais aparente...

Seria uma aranha? – pensou ansiosamente.

Mas ao invés, uma Salamandra apareceu;

num insuflar de fogo frio a acometeu,

mil revoadas de centelhas belas!...

 

Mas o Manto da Tristeza a protegeu,

as faíscas só a brilhar ao seu redor.

A Salamandra feito um gato chia,

Surpreendida por que a Leora não feria:

“Quem é você que meu ninho surpreendeu?”

“Não pretendia em nada perturbá-la;

neste poço me jogaram; abri a vala,

vermelha aranha procurando achar...”

“Mas por que quer a elas encontrar?...”

Contou-lhe a jovem sua história sem temor.

 

“De fato, encontra-se no caminho certo:

grande bem lhe fizeram os salteadores,

sem saber nada ou deliberadamente...”

“De amaldiçoada chamou-me aquela gente...”

“Seu alvo não se encontra nada perto,

mas é um atalho e caso o siga com coragem

os seus Tamancos lhe darão portagem...

Sabia o rei realmente o que lhe dava...?”

“Seguiu o Conselho no que lhe determinava,

não acredito que conhecesse reais valores...”

Nenhum comentário:

Postar um comentário