sexta-feira, 24 de junho de 2022


 

 

A FADA ARANHA XVII – Revisado 27 jan 22

 

Seguiu Rotschella a indicar caminho,

em luz rosada de fosforescência,

até encontrarem gigantesca aranha,

igual que nunca haviam visto tamanha,

completamente negra, tal qual azevinho...

“Dê-lhes passagem, Szlawko,” – falou Rotschella,

“consoante a ordem de nossa rainha bela!...”

“E Mantikora não mandou meu alimento?

Não passarão sem me darem pagamento!...”

rugiu o grande monstro, com veemência.

 

Leothar a criaturinha lhe estendeu;

com uma picada, ele a fez calar.

“E meu primo Grotschko, como está?

Um anel de meu pelo levar-lhe-á,

como sinal de que Szlawko não o esqueceu...”

“Já trago um outro anel de sua rainha...”

“Não ponha o meu com o anel de minha priminha,

caso contrário, terão os dois destino vil!...”

Foi esse anel posto dentro do cantil,

enquanto o outro no bornal ia ficar...

 

À superfície subiu então o casal;

ficou Rotschella com o tio a conversar.

Logo Lothar uma lança improvisou:

diversos coelhos depressa ele caçou;

ele e Leora os assaram, mal e mal...

“Ai, parecia que não comia há um ano!” –

disse Leora.  “Querida, sem engano,

quanto tempo pensa que por lá passou?”

“Uns poucos dias...” – Leora o contemplou,

já trespassada por um terrível suspeitar!

 

“Lá embaixo o tempo corre diferente;

poucos dias faltam para completar um ano...”

“Mas retornar dentro de um ano e um dia

eu prometi!  Ou o rei a Leodiceia mataria!”

“Conseguirei cavalos e daqui, rapidamente,

em três dias, no máximo, iremos lá chegar!

Porém agora, precisamos descansar...”

Leothar arranhou a mão desprotegida,

passando a língua sobre sua ferida:

“Meu sangue indica o tempo sem engano...”

 

A FADA ARANHA XVIII – Revisado 28 jan 22

 

“Pois bem, garanto que temos uma semana!

Descanse agora, ou nos irá atrasar!...”

Logo Leora já ressonava alto,

porém se despertou num sobressalto:

“A criaturinha!  Aquela aranha desumana

vai devorá-la!  Precisamos impedir!...”

“Mulher, é bem melhor você dormir...

Não temos tempo! Ou morre aquela criatura

ou a nossa pobre Leodiceia pura!...

Não sobra tempo para podermos retornar!...”

 

“Depois, nem sei se consigo derrotar

aquela aranha assim descomunal!...”

“Mas não consigo parar de pensar

na criaturinha que ele vai devorar!!...”

“De um combate, eu jamais pude recuar,

mas minha espada está enferrujada

e minha lança é tão só improvisada...”

Ele parou um pouco, contrafeito...

“Leora, acho que descobri um jeito!”

E então abriu o cantil e o bornal...

 

“Que está fazendo?  Ele bem nos preveniu!”

“É nossa única chance!...”   E colocou

os dois anéis vivos no mesmo recipiente.

“Lá embaixo, aprendi ser muito diferente

o que nos dizem do que um ato produziu!”

Logo o bornal estremecia sem parar,

todo o couro começando a se esticar...

“O tempo é curto!  Vamos logo indo,

que as aranhas já se estão reproduzindo!”

Correu com o bornal, até que o túnel encontrou!

 

Szlawko estava segurando a criatura,

entre dois palpos, já de sua boca perto!

“Szlawko,” disse Lothar, com um arrepio,

“para o combate agora o desafio!...

A minha lança derramará sua linfa impura

e cortarei as suas patas com minha espada!”

“Com essas armas?  Serão o mesmo que nada!”

“Mas e a estas?  Não o vencem, no final?”

E então Lothar abriu o seu bornal,

cem aranhas a tomar destino certo!...

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