quinta-feira, 22 de outubro de 2020

 



ZÉFIROS ARISCOS I – 17 DEZ 14

 

Chegou de novo para mim a estação

a que prefiro não chegasse realmente,

mais pelo medo do calor pendente

do que de fato por real sufocação;

 

é mais temor que me assalta em turbilhão:

lembro o verão passado que, inclemente,

martirizou a todos ferozmente,

até mesmo a essa fuleira multidão!...

 

Sempre é possível que no Polo Sul

se derretam, enfim, quaisquer geleiras

e virem chuva, a contrariar o Sol,

 

mais rico o cinza do que o céu azul,

por essas nuvens a vadear, arteiras,

como um escudo contra a fúria do arrebol...

 

ZÉFIROS ARISCOS II

 

Por enquanto, não há real abafamento,

mas Éolo e Zéfiro tiraram seu feriado;

talvez tenham com a Brisa combinado

ir visitar da Viração o acampamento,

 

que tirou férias, em descontentamento

e foi à praia por um tempo continuado,

ver os Ventos veranear lá do seu lado,

a nós deixando no maior açodamento!...

 

Talvez registre contra os Zéfiros ariscos

alguma queixa em qualquer delegacia:

sou amigo do Delegado Regional!...

 

Mas não quero que de prisão corram os riscos,

caso contrário, chegaria a Calmaria

e aí seria o calor mais triunfal!...

 

ZÉFIROS ARISCOS III

 

Não sou apenas eu que assim detesto

esses dias mais fortes de calor:

igual desgosto tem meu computador,

cujo trabalho, então, bem menos lesto

 

se torna.  Não sua, mas de resto

empaca, se aborrece, seu humor

é cada vez mais raivoso nesse ardor

do que o meu, se a reclamar me apresto...

 

E assim ficamos, além dessa impaciência

que sempre me causou qualquer verão,

pois é preciso aguentar os seus caprichos,

 

aplastados os dois, feito dois bichos

e eu forçado a mostrar maior paciência

com essa máquina que nem tem coração!...

 


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