sábado, 9 de outubro de 2021


 

 

O GIGANTE CANIBAL – 20 SET 21

Capítulo Primeiro

 

Vivia há muitos séculos na Irlanda

um gigante maligno e terrível,

que  buscava saciar fome nefanda

com quantidade de alimento incrível!

Só com carne Krom se alimentava

e os rebanhos quase exterminava:

além de comer o gado tão frequente,

quando encontrava, também comia gente!

 

Tinha pernas do comprimento de pinheiros,

o seu tronco maior do que um castelo,

braços enormes se estendiam sobranceiros,

impossível quando andava era contê-lo!

A sua cabeça tinha o tamanho de um balão,

desses de ar quente em que fazem excursão;

quando começava a comer, nunca parava

enquanto a fome em sua barriga reclamava!

 

Ele habitava em altíssima montanha

que humano algum pudera já escalar,

numa caverna, cuja extensão tamanha

não tinha espaço para os pés lhe acobertar!

Ficavam assim ambos os dois de fora

como se fossem dois penhascos nessa hora,

sempre imóveis, porque, quando dormia,

deitar de lado nunca conseguia!

 

O povo o chamava de Gigante Krom

e como um urso, por meses a fio dormia,

a ressonar no mais profundo tom,

igual que o vento que por ali zunia!

Havia ocasiões em que dormia por anos

e nesses tempos não o temiam os humanos;

e como a Irlanda era então muito povoada,

muita gente até fazia por ali a sua morada.

 

Porque a terra era fértil ao redor

e ali plantavam por várias estações;

o seu rebanho tornava-se maior,

gado e ovelhas em grandes multidões!

E nesse tempo em que o escutavam ressonar

não temiam o seu terrível despertar

e iam ficando aos poucos imprudentes,

chegando até ali perto os mais valentes!

 

Mas vinha o dia em que o gigante se acordava

e como um terremoto, aos seus dois pés

uma avalanche sempre acompanhava,

quando saíam em busca dos sopés!

Então o povo todo se escapava,

mas quem um pouco mais ali tardava

era logo por suas mãos capturado,

a seguir sendo por ele devorado!

 

É bem verdade que Krom preferia o gado:

Comia dúzias de bois, carneiros às dezenas,

tudo engolia cru, nada era assado,

nem as pessoas que encontrasse nessas cenas!

Mas a seguir dormia de novo, anos a fio,

suas narinas a zunir num assobio

e retornavam para ali os sobreviventes

ou pelo menos, os mais imprudentes!...

 

Contudo, ali montavam só os currais

ou alguns pequenos abrigos temporários,

as suas famílias, por motivos naturais,

bem longe dali.  Até mesmo os temerários

não se animavam a morar por perto,

um vasto círculo ficando assim deserto,

que só ocupavam nos períodos de descanso,

em que o gado ali podia pastar manso.

 

Mas certa vez, a sua hibernação

foi bem mais longa do que era habitual

e começaram a afirmar, sem ter razão

que Krom tivera indigestão fatal!...

Mas para disso poderem ter certeza,

alguém devia executar árdua proeza:

aquela montanha assim íngreme escalar,

sem que ninguém pensasse em tal se aventurar!

 

Porém aos poucos foram os prados ocupando,

parte com gado, parte com plantação

e logo os campos já estavam escasseando,

até que um pastor achou uma solução.

Havia um outro monte, bem menor,

cuja pastagem era verde e bem melhor

em que o gigante costumava se assentar

e começou ali suas cabras a levar!..

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