sexta-feira, 29 de outubro de 2021


 

 

O CAVALO TAMBOR

Capítulo Sete – 4 out 2021

 

“Será que se amotinou o Regimento?

Ou a tropa inteira é que se embriagou?”

Até a porta da refeitório ele chegou

e veio a Banda, no maior desregramento!

 

Porque ela vinha de perto perseguida

pelo Cavalo Tambor e o esqueleto!

Mas logo o Mestre da Banda, mais discreto,

decifrou a artimanha que fora cometida!...

E  o seu apito assoprou com violência!

Só então pararam de fugir os instrumentistas;

Mesmo o cavalo morto ante suas vistas,

Reorganizada assim em sua potência!

 

Mas o restante do inteiro Regimento

se havia espalhado pelos pontos cardiais,

perdidos todos seus aspectos marciais,

bem lentamente a recobrar o alento!

Depois voltaram, muito envergonhados,

 aos dois e aos três, enfim aos pelotões;

para sua sorte, não encontraram mltidões

por quem pudessem ter sido apupados!

 

O Cavalo Tambor ficou até desapontado

com o tratamento dos antigos companheiros

e foi troteando com os ossos ligeiros

sobre seu dorso em matraquear descompassado.

 

E foi parar diretamente à frente

do Coronel, os olhos da caveira

a encarar a oficialidade inteira,

sem que ninguém a segurá-la se apresente...

Até que o Coronel, que fora impertinente,

mas que de covardia não tinha qualquer parte,

segurou o esqueleto pelo pé, sem muita arte,

que ali parecia estar grudado permanente!

 

Mas ao tocar o couro do cavalo,

logo notou que era carne firme e quente;

já o esqueleto continuou indiferente,

por mais que insistisse em deslocá-lo!

Então se romperam os falsos tambores

e com eles rebentou-se algum arame,

todo o esqueleto montado num cordame,

caiu sobre o Coronel, em estalos e estertores!

 

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