domingo, 10 de outubro de 2021


 

 

O GIGANTE CANIBAL – 21 SET 21

Capítulo Segundo

 

Ele acabou por construir uma casinha

e mudou-se para ela com a esposa;

todos diziam ser por demais vizinha:

“Teddy, vais fazer asneira grossa!”

“Ora, eu acho que o colosso já morreu!

Fazem mais de dez anos que escondeu

sua cabeçorra naquela imensa cova,

só enxergamos de suas patas a corcova!”

 

Por via das dúvidas, um caminho preparou

do lado oposto à montanha do gigante

e calmamente seu rebanho apascentou,

sem que ocorresse ali nada de importante.

Ele e a mulher não haviam tido filhos

e desciam com frequência por tais trilhos,

para trocar queijo e peles numa aldeia

por alimentos diferentes para a ceia!...

 

Um certo dia, Teddy foi ao alto

e contemplou os dois pés ali empinados,

sem o menor movimento no ressalto

e nem quaisquer ressonares escutados...

Então pensou: Como é verde este capim!

Minhas cabras vou trazer aqui, enfim!...

Mas ao falar de sua intenção à esposa,

protestou ela, já a tremer de temerosa!

 

“Ai, meu bom Teddy!  Não sejas imprudente!

E se o gigante lá em cima te enxergar?”

“Ora, mulher, Krom está morto, certamente,

sempre é possível pela trilha se escapar!”

Assim deixou as cabras em plena liberdade

e foi deitar-se à sombra de um pinheiro,

adormecendo na maior tranquilidade,

o vale abaixo contemplando sobranceiro.

 

Mas o seu sono foi em breve interrompido

por um tropel e por gritos de terror:

corria um casal pelo vale, esbaforido

e sobre os dois, uma visão de horror!

A mão imensa do gigante se estendia,

pegando o homem que tão veloz corria

e o levando até o alto da montanha:

ouviu-se um grito no final dessa façanha!

 

Logo depois, a imensa garra retornou,

retorcendo o pescoço da mulher,

que um embrulho no solo então largou,

sem se escutar um outro som qualquer!

Ficou Teddy totalmente apavorado,

o pesadelo fora enfim recomeçado!

Estava vivo Krom, porém dormia,

Mais por instinto as suas garras estendia!

 

Teddy esperou, completamente imóvel,

horas a fio, que não fosse avistado!...

Mas, e suas cabras?  Lá de seu covil

esse gigante as poderia ter notado!...

Só garantindo não haver mais movimento,

reuniu as cabras em rápido momento

e as conduziu para o seu abrigo,

do lado oposto, afastadas do perigo!

 

E foi contar à esposa o acontecido.

“Eu bem te disse que era perigoso!”

‘Não, o gigante ainda está adormecido

e ainda havia aquele embrulho volumoso...”

“Não vais dizer que seria uma criança?

E se a mão de Krom também a alcança?”

“Vou descer e procurar, enquanto é escuro,

não te aflijas, que agora está seguro!...”

 

“Eu não me animo a ficar aqui sozinha!

Se vais descer, eu descerei contigo!”

Foram os dois até o vale e uma vozinha

os orientou até acharem seu jazigo.

Era de fato uma criança!  E a esposa

tomou-a nos braços, toda carinhosa

e para sua casinha a transportaram,

trocaram fraldas e com leite a alimentaram...

 

Viram que as roupas eram de puro linho

e no pescoço trazia uma correntinha

de ouro puro!  E de um elo pequeninho

pendia firme o que parecia moedinha,

tambem de ouro, mas cortada ao meio!

De vendê-la tiveram os dois receio:

“A sua família deve ser gente importante,

que cruelmente devorou esse gigante!...”

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