sexta-feira, 19 de novembro de 2021


 

 

RITA NÁIADE I – 16 NOV 21

 

Rita Hayworth se tornou famosa

por seu papel como “Gilda” interpretado,

que em Buenos Aires foi aclimatado,

no qual se demonstrou bem prestimosa;

com Glenn Ford contracenou, formosa,

até um caso de amor sendo inventado,

provavelmente sem poder ser confirmado,

que à sua maneira, não era escandalosa.

Tão somente casou-se cinco vezes,  (*)

três dos maridos bem pouco conhecidos,

mas com o príncipe Ali Khan causou furor,

sua filha Yasmin Ali Khan a que mais peses,

pela insistência em tratamentos envolvidos

com o Mal de Alzheimer em todo o seu horror.

(*) Casou-se com Edward Judson, Oscar Welles, Ali Khan,

Dick Haynes e James Hill, tendo falecido de Alzheimer.

 

RITA NÁIADE II

 

Realmente se chamava Margarita

Carmen Cansino; seu pai era Mexicano,

naturalizado cidadão Americano,

mas seu agente o nome Hayworth a incita

a adotar logo; por mais fosse bonita,

o sobrenome Cansino lhe traria dano

e Rita Judson soava mal no plano,

pouco eufônico para anunciar alguma fita.

 

Assim abandonou o nome do marido

e se afirmou provir do lado materno,

mas muitas vezes correu boato vário,

que seu nascimento no México tinha sido

e o sobrenome inventando como alterno

ao espanhol que lhe podia ser contrário.

 

RITA NÁIADE III

 

Com Orson Welles também teve descendência,

que o nome Rebecca Welles  recebeu;

Mas para mim “Sangue e Areia” pareceu,

seu melhor firme e de maior potência;

das touradas de Espanha a sanguinolência;

dessa época o enredo dos filmes pertenceu

a romances famosos e este nos deu

imagens fortes e da maior magnificiência.

 

Em seus filmes não houve cenas de nudez,

mas a ilustração é “vintage” de sua imagem,

em um misto de vaidade e de coragem,

sem demonstrar nela a menor desfaçatez,

nesse regato a fazer parte da paisagem

seu belo corpo que já há muito se desfez.

 

MULHERES ÓRFÃS I – 17 NOV 21

 

Bem certamente eu lastimo muito mais

mulher órfã de filhos que nunca conheceu,

mais ainda a que os teve e que os perdeu

ou que sofreu a morte de seus pais.

Todos nós temos ascendentes nos demais,

mas descendência nem sempre se alcançou;

quem porta um ventre a que nunca fecundou

sofre a revolta de seus sucos hormonais.

 

Para o homem é mais fácil, realmente,

não é ele que transporta o embrião,

sua descendência lançada no exterior,

mas nesse útero que jamais teve presente

dentro de si o palpitar de um coração,

tal orfandade deverá ser bem maior.

 

MULHERES ÓRFÃS II

 

Outra vez que me perdoe a feminista,

o corpo físico, contudo, da mulher

foi projetado para esse maior mister

de à humanidade levar avante a pista.

É questão hormonal que aqui se enrista,

não se limita à educação sequer,

muito embora, naturalmente, se convier

que hoje muitas opções ela conquista.

 

Talvez prefira antes seguir uma carreira

que a impeça de assumir a gravidez,

mas os hormônios de uma mulher normal

protestam contra essa morte interessira

de três ou mais centenas de bebês,

como uma afronta violenta ao natural.

 

MULHERES ÓRFÃS III

 

Existem há séculos as sororidades

em que as freiras são mantidas sem gerar;

não me parece que a feminista vá aprovar

 prisão austera só por religiosidades;

mesmo com lésbicas proclividades,

muitas mulheres alguns filhos vão buscar,

sem com homens colaboração se procurar

e assim se atendem tais necessidades.

 

Irão dizer que um homem não entende,

mas não falo por machismo, é biologia,

sua própria herança assim se perderia

e o direito de ter pena me pretende:

por mais que aquela que me lê contende,

sua orfandade ainda assim lastimaria.

 

A MORTE DO PRESENTE I – 18 NOV 21

 

Todo presente é a consciência temporária

de um universo inteiro para ti;

por breve instante o manterás aqui,

logo é passado por senda univiária,

quando o universo captado em forma vária

deixa de ser o universo presente que vivi,

e em ponto de minha mente o guardo ali,

com outros milhares, entidade multifária.

 

Foram presentes por lampejos do universo

percebido e de segundos em fração,

quando outros já se assentam sobre eles,

igual que ocorre no redigir de cada verso,

enquanto cresce de uma estrofe a redação

que até mesmo em rascunho então congeles.

 

A MORTE DO PRESENTE Ii

 

Cada universo será apenas percebido

depois de tua escolha ser realizada:

existe a chispa da certeza conquistada,

para depois perder-se no incontido.

Mas se o momento por ti não é escolhido

pelo qual tua percepção é delineada,

por teu passado é a escolha então forçada,

falso destino a que há muito tens nutrido.

 

Assim tua escolha de um universo será feita

ou a farão por ti, em consequência

das mil escolhas que fizeste anteriormente;

não é um destino a te manter sujeita,

mas um antanho denotando sua potência

na precessão equinocial de teu presente.

 

A MORTE DO PRESENTE III

 

Teus universos vão sendo acumulados

como os estratos de cidades mortas

e a cada nova escolha, escolhas cortas

de mil outros universos despojados;

dormem em ti os exércitos passados,

uns sobre os outros em camadas tortas

e a cada vez que outro presente abortas,

mais espessos os sedimentos desprezados.

 

Talvez te seja difícil compreender

ou, pelo menos, o aches trabalhoso,

porém és a mãe e o pai do teu futuro,

que realmente é só o poder de vir a ser,

o único ato esse presente duvidoso,

que já sepultas em teu passado impuro.

Nenhum comentário:

Postar um comentário