segunda-feira, 6 de setembro de 2021


 

 

A VINHA DE NABOTH

CAPÍTULO DOIS – 18 AGO 21

 

Furioso embora, Ahab pesou bem a situação.

Tomar à força o campo poderia,

Mas seria medida bastante impopular,

Levava o povo muito a sério a herança;

E desse modo, sem achar a solução,

Para o palácio retornou e não queria

Beber vinho e nem sequer se alimentar:

Deitou no leito, mas seu desgosto não descansa.

 

A Jezebel foram relatar a situação

E ela pensou estar o rei doente;

Sua posição dependia dele inteiramente,

Talvez amor tivesse até no coração.

Mas Ahab não se deixava consolar,

Por seus carinhos, mas pela insistência

Finalmente respondeu, com impaciência:

“Aquele maldito Naboth quer me afrontar!”

 

“Por que então não o mandas castigar?”

“Porque, de fato, não me deu real motivo,

Pois somente se recusa a me vender

O seu vinhedo, aqui ao lado do castelo.”

“Eu não entendo.  Não o podes obrigar?”

“Há essa lei do povo, na qual vivo,

É diferente do teu pai o meu poder,

Não a posso quebrantar só por meu zelo.”

 

“Então por que não lhe ofereces mais dinheiro?”

“Já tudo ofereci, mais que o razoável,

Mas ele insiste que é a herança de seus pais

E que de modo algum a alienará;

Ofereci-lhe um bem maior terreiro,

Mas a sua resolução é inabalável,

Não sei de fato o que possa fazer mais...”

“Mas nem por isso o meu rei se magoará!”

 

“Levanta-se agora, depois bebe e come,

Após lavar teu rosto.  Prepararei teu banho...

Mas o que dirá esse teu povo se souber

Como esse infeliz Naboth te desobedeceu?

Mas não te abales, o desgosto te abandone,

Que eu sei o que fazer com esse estranho

Costume que a tal lei busca manter.

O teu problema tratarei qual fosse meu.”

 

De outros modos ao marido divertiu,

Que se alegrasse assim seu coração,

Mas já no seu a maldade arquitetando

E consultando os meandros dessa lei,

Bem depressa o resultado lhe surgiu;

E destarte, tendo do rei a permissão,

Escreveu cartas que a seguir foi enviando

Aos conselheiros e nobres de seu rei...

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