quinta-feira, 14 de janeiro de 2021


 

 

CHUVAS DE BRONZE I – 23 MAIO 2020

 

Chuvas de bronze queremos,

manda-nos já, oh, Senhor!

Chuvas de grande estridor,

que desse amargo vírus nos livremos!

aceitar, certamente, não podemos,

viver no meio de tanto terror,

sem sequer reconhecermos nosso amor,

em máscaras sob as quais nos escondemos!

Ainda acho que o contrário seja o certo,

que a maioria das pessoas só contrai

seu Covidinho no interior de casa;

de nada adiante esse exterior deserto,

se de algum jeito no interior o bicho vai:

por sob as frestas das portas ele vaza!...

 

CHUVAS DE BRONZE II

 

Esse lockout não passa de bobagem:

é justamente onde se cuidam mais,

onde se impedem movimentos naturais,

que a contaminação tem mais coragem;

portanto, evite de olhar a própria imagem

ou a meia-imagem, digamos, ademais,

que o vírus pode brotar desde os umbrais

de algum espelho transbordante de miragem!

Mas realmente, será muito difícil

convencer-nos a andarmos mascarados

dentro de casa e, quem sabe, a tomar banho!

E assim decidem, como bomba físsil,

proibir que andemos abraçados:

quem vende máscaras assim terá seu ganho!

 

CHUVAS DE BRONZE III

 

Por isso, chuvas de bronze agora eu peço,

certeiras a cair em cada bicho,

que os arrastem todos para o lixo,

lá certamente terão menor apreço!

Chuvas de bronze quando à rua desço:

decerto a máscara que no rosto fixo

terá poder contra o vírus menos micho,

porém de usar boné nunca me esqueço!

Desta forma estes pingentes de metal,

mesmo em sua solidez estalactital,

contra as fibras do boné derreterão!

E posso andar por aí, sem mais receio,

salvo em pingente achado de permeio,

dar pontapé e me estirar no chão!...

 

TOMBOS I – 24 MAI 2020

 

O bronze desce desde o planeta Marte,

mas sobe o vírus do planeta China:

alegremente sobre nós se inclina,

Morte Amarela nos traz e nos reparte!

Fabricado certo foi com muita arte,

raro o chinês a quem vírus domina;

para o Ocidente de certo se destina;

pense bem e esta ideia não descarte!

 

Ou os chineses nos mentem descarados

ou de fato, foram poucos afetados,

nessa nação assim tão populosa!

Porém na Itália, muitos velhos desgraçados

já sofreram dessa morte dolorosa,

pelos parceiros orientais envenenados!

 

TOMBOS II

 

Não é a primeira vez, em absoluto!

Quase toda a epidemia conhecida

teve sua origem na China desnutrida,

foi transmitida por contato bruto,

antigamente a Rota da Seda seu conduto

depois veleiros rota do mar seguida;

em especiarias vem a praga ali escondida,

foi por acaso ou por desígnio arguto?

 

Em uma história que estou lendo em italiano

do Império Romano, creio nunca traduzida,

fico sabendo ser até desconhecido

o horrivel tétano em seu poder arcano,

que hoje nos brota da menor ferida:

morria o soldado só do golpe recebido!

 

TOMBOS III

 

É fato histórico que essa gente Han

massacrou tanto negros como brancos

ou os expulsou com violentos trancos,

o território apenas seu em tal afã;

e que Átila, Tamerlão e Genghis Khan

despovoaram toda a Ásia em seus arrancos,

até na Europa os seus intentos francos

de abrir passagem para descendência irmã!

 

Só que hoje em dia a tarefa é bem mais fácil,

com tantos meios de comunicação,

especialmente através da aviação;

quem sabe agente, com sorriso grácil

consegue abrir por aí o seu vidrinho,

cidade inteira a contaminar sozinho...?

 

TÔMBOLA I – 25 MAIO 2020

 

Naturalmente, me hão de contestar,

que é proibido de um parceiro comercial

tão importante falar-se qualquer mal,

mas nem por isso me irei preocupar.

 

Não sou parte do governo e aqui posso falar

de fatos históricos, conhecimento bem geral,

até o sarampo, São Confúcio, que tanto mal

aos pequeninos do Ocidente vem causar!...

 

Importado de lá, só que, naturalmente,

também na China disso morre muita gente.

O que me espanta é que tantos no Ocidente

 

da pandemia morram e tão raros lá no Oriente:

alguma coisa por aqui não bate bem,

mas até minha boca devo fechar também?

 

TÔMBOLA II

 

A vida é assim, a cada circunstância

se cede um pouco aos outros – é o contrato

social, constituído aos poucos, um certo tato

que nos força a ceder em cada instância.

 

Assim vivemos em paz, triste constância,

que conduz qualquer medíocre  ao mandato

e que condena como sendo espalhafato,

quem protestou contra isso desde a infância.

 

Deste modo, quem tem paciência ou timidez

terá de ceder mais, a bem da paz,

enquanto o prepotente mais se afirma;

 

e é por isso que existe feroz desfaçatez

em tanta coisa que a sociedade fez

e que nos seus descaminhos se confirma!

 

TÔMBOLA III

 

O que acontece é uma espécie de sorteio,

que até hoje não foi bem interpretada,

quando alguns pegam, porém sem sentir nada,

a maioria a enquadrar-se nesse veio.

 

A minoria, os mais velhos, é o receio,

já enfraquecidos por doença experimentada,

contraem o vírus de forma incrementada,

passando assim por sofrimento feio.

 

Mas por sorte, a esta alta morbidade

não corresponde uma igual mortalidade,

de mortes sendo até baixa a percentagem.

 

Quem de fato desfalece é a economia,

enquanto a do país original fortalecia:

quem nessa horrível pandemia tem vantagem?

 

UMA OVA!  I – 26 MAIO 2020

 

Será que posso emitir a minha opinião,

sem que seja só por isso condenado?

Democracia não é somente o resultado

de quem votos ganhou mais numa ocasião!

Isso é o direito do mais forte, meu irmão!

Quem foi por mais eleitores indicado!

Democracia é o poder manifestado

nesse direito pleno de  manifestação

daquilo em que se  pensa ou se acredita,

embora o teu direito de soquear

tenha um limite no nariz alheio!

E se a qualquer violência não se incita,

nem se pretende ao vizinho caluniar,

de ser por isso condenado não receio!

 

UMA OVA!  II

 

Quem discordar de mim pleno direito

terá de me afirmar a sua opinião

ou de abster-se de ler manifestação

que um dia inclua nos versos que eu afeito.

Que boa crítica certamente aceito,

porém baseada em boa documentação,

não no viés de política intenção:

disputa alguma eu tomarei a peito,

que ninguém ler o que escrevo é obrigado

e muito menos a deixar-se influenciar:

digo o que penso ao vento que me escuta;

mas quando vejo esse mal ser espalhado,

não consigo simplesmente me calar,

sem deixar de envolver-me nessa luta.

 

UMA OVA!  III

 

Assim, não busco audiência para versos,

que apenas me escaparam qual coriza,

que me chegaram aos ouvidos pela brisa

e me deixaram em seu brunir diversos;

apenas me dirijo aos mais conversos,

que julgo terem mente mais concisa:

é a bem poucos que meu verbo visa

e mesmo esses, às vezes, são reversos.

E nem sei porque escrevi por um impulso,

sobre essa moléstia, quando tempo não terei

para passar a limpo a longa pilha,

que a cada dia aumenta o seu discurso,

tantos grudados de velhos nem lerei,

nem causarão  a quaisquer outros maravilha.

 

O FANTASMA DA OPERAÇÃO I – 27 MAIO 2020

 

EXISTE A LENDA DE QUE O SÁBIO CALA

E QUE O SILÊNCIO ATÉ IMPÕE RESPEITO,

MAS QUE O CALAR-SE NOS DESSE ALGUM DIREITO,

MELHOR A BOCA FECHADA DO QUE A FALA?

DESSE MUTISMO SEMPRE DEVE HAVER ESCALA,

NEM TODO O MUDO TEM DE SÁBIO O JEITO,

NEM TODO O CALADÃO MERECE O PREITO:

MADEIRA ÚMIDA SEM FAGULHA NÃO SE ESTALA!

 

POIS NESTA VIDA TUDO É RELATIVO:

EU ATÉ FICO A PREFERIR QUE NÃO ME OUÇAM,

PORQUE HÁ TANTOS OUVIDOS QUE SÃO MUDOS,

SEM ESCUTAR O CONSELHO MAIS ALTIVO,

OUVEM INERMES E DA VERDADE TROÇAM

QUE A CERA OS FECHA COMO DOIS ESCUDOS.

 

O FANTASMA DA OPERAÇÃO II

 

AI, QUE A TEMÁTICA TOMOU-ME DE CABRESTO!

HÁ DIAS QUE SÓ REPITO COISA IGUAL,

PARA OS OLHOS DO LEITOR JÁ FAÇO MAL:

DE CERTO MODO, ESTOU SÓ EM TAL INCESTO,

QUANDO A ESSE MESMO TEMA HOJE ME APRESTO:

O QUE EU PENSAVA JÁ DISSE NO TOTAL,

EU VEJO A FRAUDE NA PANDEMIA EM SEU FANAL,

NINGUÉM MAIS MORRE POR DIVERSO GESTO!

 

NÃO FAZ MUITO SÓ FALAVAM DESSA ZYKA

QUE NOS TROUXERAM IMIGRANTES ILEGAIS,

DA CHIKUNGUNYA QUE A TANTOS DERRUBAVA;

MAS DE REPENTE, O MOSQUITO NÃO MAIS PICA,

SÓ OS RESULTADOS DA PANDEMIA FATAIS,

POR OUTRAS CAUSAS MAIS NINGUÉM SE SEPULTAVA?

 

O FANTASMA DA OPERAÇÃO III

 

SEM PRETENSÃO DE QUE SÁBIO ME ACREDITEM,

TENHO ISSO TUDO TRANCADO NA GARGANTA,

COMO UM PIGARRO QUE A FARINGE IMANTA:

NÃO ACREDITO NO QUE TANTOS NOS INCITEM,

QUE ESSE TEMOR DA PANDEMIA NOS INDIQUEM,

NUM PALAVREADO QUE A CADA DIA DESCANTA

E QUE ATÉ HOJE, SEM CESSAR ME ESPANTA:

PORQUE APENAS NESSA TECLA FIQUEM?

 

SEMPRE INSISTINDO NUMA SÓ AFIRMAÇÃO:

SER UM SERVIÇO PÚBLICO O QUE PRESTAM,

MAS DESDE QUANDO AO PÂNICO CHAMAM DE SERVIÇO?

E CONTINUO A MASTIGAR MINHA OPINIÃO:

QUE MUITOS LUCROS EM SEU BOLSO ENCESTAM

OS QUE PROPAGAM ESSE MEDO COM TAL VIÇO!...

 

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