domingo, 3 de janeiro de 2021


 

 

OS DEZ MANDAMENTOS I   [30-4-2010]

 

Jeová foi aos fenícios e ofereceu um mandamento.

"Qual será, grande Deus, o mandamento novo?"

"Não roubarás!" disse Deus e  respondeu o povo:

"Não nos serve, Senhor, atrapalha o movimento,

 

“nós somos comerciantes, o nosso sentimento

é a busca do lucro, vendemos por renovo

o velho e o estragado..."  "Eu não vou louvo,"

respondeu Jeová, em seu ressentimento.

 

Os fenícios deixou entregues à sua sorte,

durante séculos os maiores comerciantes;

em busca de mercados e de mercadorias

 

enfrentaram aventuras, sem o temor da morte.

Dizem mesmo que alguns, em naves triunfantes,

chegaram ao Brasil, por suas secretas vias.

 

OS DEZ MANDAMENTOS II

 

Jeová foi aos egípcios, no mesmo sentimento

e àquela gente mórbida ordenou: "Não matarás!"

Murmuram os egípcios: "Mas este Deus nos traz

a derrota em batalha de nosso regimento!...

 

“Somos povo guerreiro.  Lutamos sob o vento,

no sol e nas areias, com tática veraz.

Guerrearmos sem matar?  Mas isso não se faz...

Não queremos, Senhor, seu novo mandamento!"

 

Jeová resignou-se e essa gente deixou

entregue a seus combates, enquanto o Nilo enchia,

cuidando de suas múmias na estranha devoção

 

que estátuas e sarcófagos também a nós legou.

Um povo que vivia na atroz melancolia

de colocar na morte o ideal do coração!...

 

OS DEZ MANDAMENTOS III

 

O Senhor, desapontado, esqueceu dos orgulhosos.

Os fenícios pelos gregos acabaram enganados.

Os exércitos egípcios tombaram, dizimados.

Só restam as ruínas dos templos portentosos.

 

Jeová foi ao judeus, julgando mais piedosos

seriam os excluídos, assim escravizados.

A Moisés seduziu com sonhos encantados:

ele voltou ao Egito e obrou maravilhosos

 

milagres, conseguindo aos escravos libertar.

Junto ao Sinai reunidos, a Jeová escutaram,

depois de abandonarem as suas perdidas fés.

 

Ofereceu-lhes o Altíssimo um mandamento dar.

"Quanto custa, Senhor?" Os judeus perguntaram

"É de graça, meu povo!" "Então, queremos Dez!"

  

INADMISSÍVEL!  (1º/5/2010)

(Muchas gracias, Tristan!...)

 

Um casal foi por alguém fotografado

no alto de uma ponte de cimento,

amor fazendo com desprendimento,

sem temor de ser por outros espiado.

 

Era largo esse arco e, bem ao lado,

haviam pousado, sem pressentimento,

duas garrafas, em seu contentamento,

para beberem após o amor alado!...

 

Uma de Chivas Regal, uísque nobre,

que só para abastados é possível,

pelo perfume que dele se envola.

 

Refrigerante o outro e até bem pobre...

Mas que pecado!  Porque é inadmissível

Tomar uísque escocês com coca-cola!...

 

DESAMPARO [Arthur Schopenhauer]

(OBDACHLOSIGKEIT)

(traduzido do alemão por William Lagos, a 1º/5/2010)

 

No meio da noite, em negror tempestuoso,

com grande temor, de repente, acordei:

Os zunidos do vento e os trovões escutei,

na varanda, na porta, em meu pátio formoso.

                           

Não vi qualquer brilho, nem um raio de luz

conseguia transpor essa noite profunda,

como se ela jamais permitisse à fecunda

claridade do Sol, que esta vida conduz,

                           

o seu manto cruzar, negro e impenetrável.

E eu pensei: nunca mais haverá outro dia!

Essa ideia prendeu-me em um medo gelado:

                    

nunca assim me sentira tão só e abandonado.

Nunca antes na vida um pavor igual sentia,

qual senti nessa noite de escuro insondável…"

 

(Arthur Schopenhauer, Frühe Manuskripte [Primeiros Manuscritos], 1804-1818, p. 5, citado por Rüdiger Safranski.)

 

VIAGRA

 

Na farmácia chegou uma mulher

e encomendou um frasco de viagra,

esse remédio que a ciência nos consagra,

para aumentar a potência que se quer...

 

O farmacêutico trouxe e ela pediu:

“Me corte em quatro cada um, senhor.”

“Mas o quê?...” surpreendeu-se o atendedor,

quando um pedido tão estranho ouviu.

 

“É para meu marido...” explicou ela.

O farmacêutico atendeu-a com carinho.

“A senhora não quer que faça caso

 

de qualquer outra mulher que seja bela...”

“Não, eu quero que levante só um pouquinho,

pra não fazer chichi fora do vaso!...”

 

 

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