sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021


 

CORAGEM – “Irmão Parmenas”, 27 JUN 68

 

O rosto marcado por fundas agruras,

A alma humilhada ao peso da Lei,

Recebes, Maria, as bênçãos seguras

Daquele que em dores se fez grande Rei;

 

Penetras a medo na grande vivenda,

Morada opulenta de um nobre judeu -

Tu trazes pecados, Maria, oferenda

Mais pura e sincera que Deus recebeu...

 

Perfume e cabelos, na ausência de ouro,

Angústias e preces que o Mestre aceitou,

Ungidas por Cristo - singelo tesouro;

 

De joelhos, Maria!   Jesus te perdoou!

Já podes Amor ofertar, sem desdouro,

Candente homenagem de quem muito amou...

 

SIDDHARTA (“Bill”, 1979)

 

Que o verso descreva a visão do Mandala,

Foi sonho de um dia, Avatar delirante,

Olvidado o Nirvana e, no ardor palpitante,

Apegado a esta carne que aroma trescala.

 

Que Durga e Parvati curvassem-se a Kali,

E, exaltado e sublime, este pobre Saddhu

Se entregasse à visão triunfal deste nu

E perfeito exemplar -- dançarina de Bali!...

 

Kundalini ressurge e suas curvas extende

E o manso Derviche o chamado já atende,

Desatento do Buddha, esquecido de Brahma.

 

E na arcana espiral, ele é Tudo, ele é Shiva,

E ela freme de ardor, Mahadeo!... -- ela é diva,

Num Mandala de sangue esguichado na cama!  


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