quarta-feira, 17 de fevereiro de 2021


 

 

VACINAÇÃO I – 27 OUT 2020

 

Andam agora falando da vacina;

não de uma, comentam de diversas

em experiências bastante controversas

e a discussão até que me fascina;

no combate de moléstia que assassina,

as bactérias eram mais fácil conversas,

estratégias pelo mundo bem dispersas,

mas antibiótico com vírus não combina!

 

 

A verdade é que, no mais geral,

uma vacina no mínimo dez anos

levava para ser desenvolvida

e então testada, como é natural

e para a AIDS com todos seus reclamos,

nenhuma foi até hoje conseguida!...

 

VACINAÇÃO II

 

É igual verdade que para o resfriado,

a influenza, a gripe e similares

se necessitam de prazos mais vulgares,

talvez consigam depressa um resultado.

Não é coincidência, meu leitor amado,

Que os nomes Vaca e Vacina sejam pares;

Edward Jenner notou, em seus andares,

rara a varíola em quem lida com gado.

 

E como havia da doença variedade

entre o gado vacum, experimentou

e logo facilmente comprovou

que o microrganismo, na verdade,

retirado das vacas a doença combatia

e bem depressa sumiu tal endemia...

 

VACINAÇÃO III

 

Mas a doença nos chegou da China,

por acaso ou por guerra biológica,

então seria a questão mais lógica

que distribuíssem de graça sua vacina!

Meu coração para essa não se inclina,

tenho suspeita pouco pedagógica

que cria “olho puxado” essa antológica

distribuição de tal vacina peregrina!

 

Pondo de parte toda a brincadeira,

talvez sendo, de verdade, só boato,

desses tais que viralizam na Internet,

milhares de ocidentais morrem na esteira,

enquanto a China até apregoa o fato

de que tão poucos chineses acomete!

 

VACINAÇÃO IV

 

Se a tal doença nos chegou de lá,

mas tão poucos chineses ela abate,

toda essa história me parece disparate:

bilhão e meio de chineses há.

Qualquer comparação que se fará

indicaria que realizaram o combate

antes que numerosos deles mate

e só depois comunicação se nos dará!

 

Salvo se mentem descaradamente

e por lá é bem maior a mortandade;

mas de fato, eu não sei qual a verdade,

eu não estava lá, não sei, não vi,

mas até hoje não me convenci

ser verdadeiro o que contam para a gente!

 

HELIEIA I (Assembleia) – 23 jun 09

 

Ai, como quereria não fossem só fantasmas,

povoando etérios os meus pensamentos,

essas mulheres que assanham sentimentos,

na pura chama azul das mentes pasmas...

 

Mulheres jovens são, mulheres velhas,

todas possuem seu grau de sedução,

que provém muito mais do coração

que do semblante, porte ou das guedelhas... (*)

 

E o poema surge em mim, toma de assalto

as faculdades todas, tropelia

desencadeada em estupros inocentes...

 

E explode em concussão, rugido alto!...

São fantasias, sim...  Mas bom seria

que tais fantasmas fossem diferentes!...

(*) Mechas de cabelos

 

HELIEIA II – 28 out 2020

 

Versos são versos e não realidades

e nos poemas eu pude me expandir,

personalidades diversas assumir,

hoje me espantam muitas veleidades.

 

Mas se limitam ao papel tais variedades

quando escrevia, talvez quisesse me iludir

e referisse muitas coisas sem sentir,

tornando as falsas linhas em verdades.

 

Passada essa ocasião, até me esqueço

do que um dia em tal soneto redigi

e me surpreendo ao ir algum ressuscitar.

 

Mas de minha torre de marfim confiante desço

às catacumbas meus servos mil prendi,

cujos gemidos vão de novo me inspirar.

 

HELIEIA III

 

Certamente meus monstrinhos do inconsciente

desejam coisas que nem sequer eu sei;

em pesadelos não lhes permitirei

que me perturbem quando incauta a mente.

 

Mas os prendo lá no Id, firmemente,

sob chaves que sei bem onde guardei;

quando desço até lá, serei seu rei,

seu pão e água distribuo calmamente.

 

Em troca, eles me cospem suas ideias,

entre elas a ambição dessas hileias,

mas são todos prisioneiros, na verdade

 

e de seus vícios podem apenas me contar;

numa peneira eu sei bem aquilatar

e por minha conta lhes melhoro a qualidade.

 

HELIEIA IV

 

Mas esses que gritam as suas fantasias

fazem parte de mim, tal reconheço

e ao inconsciente as temáticas que peço

eu mesmo elaborei em alegorias.

 

E assim retorno, seguro, as mesmas vias,

subo as escadas enquanto as frases meço,

muitas me espantam, ainda assim não cesso

de à realidade expor suas fancarias.  (*)

(*) Falsidades.

 

Se tanto escrevo, tempo não me sobra

e nem desejo para tanto realizar

e até parece que me estou a desculpar

 

pelos anseios que o inconsciente cobra,

por essas coisas dizer em que não cria

e que nem sei se realizar eu poderia...

 

STUPAS I – 29 OUT 2020

NEM TODO CÉU AZUL TRAZ ALEGRIA;

ÀS VEZES AS PUPILAS SÓ DE ARDOR

NOS QUEIMA ESSE CIANO EM SEU CALOR;

O SOL ÀS VEZES MESMO O ANIL ESFRIA.

NEM TODO O SOL ASSIM NOS TRAZ POESIA,

É O VENTO QUE AMENIZA O SEU FERVOR,

SE NÃO HÁ NUVEM, VAI SOPRANDO A PRÓPRIA COR

E O AZUL SE ESGOTA NO MARINHO QUE ASSOVIA.

HÁ NO CREPÚSCULO BEM MAIOR BELEZA,

NELE SE ENXERGAM OS TONS DA CARNAÇÃO,

NESSAS MIL RISCAS DO OCASO MULTICOR

E SOB O CÉU JÁ GRISÁCEO, COM CERTEZA,

A LONGA ESCALA DE CINZA EM VARIAÇÃO

ME INSPIRA MUITO MAIS EM SEU PALOR.

 

STUPAS II

NOS VASTOS TEMPLOS DAS PLAGAS INDIANAS

AS CORES SE ENTREMEIAM EM LOUVOR;

NA MULTIDÃO DE DETALHES DESSE ANDOR

ESTÁ O BARROCO EM SUAS FORMAS MAIS ARCANAS.

TÃO DIVERSAS DAS CONCEPÇÕES ROMANAS,

IMITADAS DAS HELENAS COM FAVOR

OU DAS ETRUSCAS HERDADO O SEU FRESCOR,

O PÓRFIRO LANÇA AO MÁRMORE PROCLAMAS.

MAS NOS MOSAICOS A CENTÁUREA EXALTA

CADA TÉSSERA COM VIBRANTE TESSITURA

E CADA STUPA AOS CÉUS SE ELEVA PURA,

CONTRA O ANIL QUE A DIVINDADE ESMALTA

E PARA BRAHMA ABREM SEUS PORTAIS,

COMO SE OS TEMPLOS FOSSEM JÁ ESPIRITUAIS.

 

STUPAS III

NOS SEUS DESENHOS EXISTE ALUMBRAMENTO,

SÃO CONES COMO ONDAS SOBREPOSTOS,

QUE SACERDOTES GIRAVAM A SEUS GOSTOS,

QUAL REZA A LENDA DE ANTIGO PASSAMENTO.

O BRAMANISMO JÁ NÃO TEM IGUAL PORTENTO,

MUITOS INDIANOS JÁ MENOS PREDISPOSTOS

À ADORAÇÃO DE TANTOS DEUSES SUPERPOSTOS

E O ISLAMISMO ALI TEM IGUAL ASSENTO;

MAS O BUDISMO QUE POR ALI NASCEU

JÁ FOI QUASE INTEIRAMENTE ABANDONADO,

ENQUANTO O VELHO BRAMANISMO SOBREVIVE

E CADA STUPA DESDE O ANTANHO FLORESCEU

SOB ESSE CÉU DE SANTÍSSIMO AZULADO,

EM QUE NOUTRA ENCARNAÇÃO TALVEZ ESTIVE...

Nenhum comentário:

Postar um comentário