sexta-feira, 12 de fevereiro de 2021


 

 

MOLIBDÊNIO I – 1º OUT 20

 

O Molibdênio, durante séculos a fio,

foi confundido com o chumbo por antigos,

só em pequenas quantidades nos jazigos,

muito calor necessário para o esguio

componente decidir-se a sair do lio,

abandonando os demais átomos amigos

de chumbo e oligoelementos inimigos:

não querendo derreter-se no seu brio!...

 

Emm Uppsala, mil setecentos e setenta e oito,

como elemento foi enfim classificado,

por Karl Wilhelm Scheele, ainda famoso

e Peter Hjelm o separou de seu acoito,

seu pó metálico sendo então sintetizado,

de bronze e prata tendo aspecto formoso.

 

MOLIBDÊNIO II

 

Do próprio chumbo recebeu seu nome,

Molybdos ou Chumbo, dito em grego,

Molybdaenum em Latim, tampouco nego:

mesmo escassa, temos dele certa fome.

Na própria água algo dele se consome,

cada verdura conserva o seu apego,

feijão e ervilha o fornecem no seu rego,

no simples pão e na farinha algo se come.

 

Será tóxico, se consumido em quantidade,

porém combate o acúmulo de sulfitos

e também de outras toxinas cancerígenas;

até se encontra em vegetais indígenas,

tendo pouca abundância, na verdade,

mesmo essencial para enzimas e nitritos.

 

MOLIBDÊNIO III

 

Hoje é comum ser em bulas mencionado,

igualmente em complemento alimentar,

aminoácidos sempre pode originar,

por todos nós devendo ser utilizado...

e no entretanto, foi muito tempo desprezado,

há algumas décadas seu valor se averiguar;

no plantio da soja hoje é costume acrescentar,

para o seu potencial de produção ser ampliado...

 

E tão comum é hoje em dia a descoberta

dos poderes que ocultava a Natureza:

rendamos graças pela atual ciência,

que às vezes erra, mas em geral acerta,

a nossa vida tornando, com certeza,

mais longa agora e com melhor potência.

 

ALITERAÇÕES I – 2 outubro 2020

(Capricho nefelibáico, executado sem auxílio do dicionário).

 

A maga alaga e afaga a rutabaga,

Bandoleira posta à beira da bandeira,

Cativa em cava caverna cavaleira,

Dulcímero dossel de doce baga,

Esteio estrelado de estragano,

Forja fluente de fiel falua,

Gôndola gaia de garbosa grua,

Híspido hélio em herma de haragano.

Ídolo inerme de isca inusitada,

Jibóia jovem de jornal jurisprudente,

Louvor luzente em lamaçal limoso,

Matalotagem em matagal mafioso,

Nevoeiro nédio em nesga negligente,

Ostra opalina em ostíaca orbitada.

 

ALITERAÇÕES II

 

Pura proeza postada em palmilhar,

Que queimaduras de quiabo quer,

Rútila rosa de raça rosicler,

Sabor sagrado de um seio singular,

Tímida tara de túrgida tardança,

Úmida unção de tal utilidade,

Verde e vital em vazia vagrancidade,

Xairel xerófito em xirca e xanturança

Zarcão de zinco em zimbro de zagal,

Aqui acionado ainda o alfabeto,

Bailadeira em bulício e ballet brada,

Causa comum com crime comunal,

Diastólico dano em desafeto,

Empalado no espelho desta estrada

 

ALITERAÇÕES III

 

Feita em fragosa e flébil fantasia,

Grande gemido na garganta gráfica,

Hélice hemática de uma hetaira hiática,

Interação idiótica que inútil iludia,

Junco jogado como jóia num jardim,

Laço largado de leve em litoral,

Mente marcada por meditar mal,

Nuvem nublada de néscio nefilim, (*)

Onda oriunda já de outro oceano,

Por que me perco a praticar poesia,

Quando quinchas queimar antes queria,

Restolho rútilo de ribombar romano,

Solerte símbolo sutil de sociedade,

Truncado o termo em tal totalidade.

(*) Gigantes antigos que a Bíblia menciona.

(Vale o valor de quem o verso vê e a visão das variedades).

 

PROGRESSÕES I – 3 OUT 20

 

Sem mácula de carne o beijo se avizinha

e em bioascese escorre o sibilar da dor;

o beijo não procura, nem é beijo de amor,

é beijo apenas, sem ter mácula mesquinha.

 

Sem carne a mácula do beijo se continha,

contínua sendo a ingenuidade desse ardor,

sem qualquer engenhosidade em seu calor,

mácula apenas... e o beijo assim definha.

 

Que o beijo evitar essa mácula devia,

mas a mácula se avizinha desse beijo

e a carne inteira se afaga de nudez...

Como esse beijo sem mácula queria!

Mas carne é carne e a mácula do ensejo

Macula o beijo em total desfaçatez!...

 

PROGRESSÕES II

 

Nenhuma carne será assim imaculada,

se é que existe um pecado original

aquilatado a qualquer pendor sensual,

sempre impura sendo a carne a ser beijada.

 

Mas essa interpretação foi desvirtuada,

consoante as regras do mundo monacal,

foi na mulher que enxergaram todo o mal

e a pobre Eva foi por monges maculada...

 

Mas se do Gênesis fizermos boa leitura,

vemos que antes foi dado o mandamento:

“Crescei e multiplicai-vos!” Dessa forma,

não teria a reprodução nada de impura;

foi outra a causa desse arrependimento:

a sabedoria que em soberba nos deforma!

 

PROGRESSÕES III

 

E nem sequer se obter o conhecimento

do bem e do mal foi um real pecado;

o guardião do Éden claramente foi citado:

“Antes que a Árvore da Vida, esse portento,

 

“também Adão e Eva em algum momento

identifiquem e seja seu fruto devorado,

igual ao nosso o seu tempo prolongado,

será preciso expulsá-los deste assento!”

 

Veja-se bem que nunca fora proibido

comer o fruto da Árvore da Vida!...

Sequer Lilith disto fizera sugestão!... (*)

Mas tendo a obediência assim perdido,

conhecimento dessa nudez anterior tida,

nem bem nem mal lhes causou essa expulsão.

(Primeira mulher de Adão na tradição talmúdica).

 

PROGRESSÕES IV

 

Talvez então o amor físico percebessem

como a possível razão da gravidez;

nossa Mãe Eva, depois que filhos fez,

já querendo evitar que outros viessem!...

 

Culpada mais em impedir se concebessem,

esse é o pecado verdadeiro que ali vês

das dores do parto doravante a dura grês,

sem que anteriores realmente houvessem.

 

Que todo o parto deveria ser sagrado

e todo o ventre um tesouro confirmado

após o início de uma santa gravidez!...

Por que o sexo deveria ser pecado

cada outro ser cumprindo por sua vez

o mandamento que por Deus fora ordenado?


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