segunda-feira, 24 de maio de 2021


 


APENAS VOLTEJOS I – 24 MAIO 21

 

Essa lenda de Fausto é bem antiga,

mais velha ainda que o germânico alquimista

que viveu das ciências à conquista,

que para a igreja mostrava-se inimiga;

por isso que a lenda lhe aspergir consiga

de algum pacto demoníaco e lhe insista

que de tudo que escreveu então desista,

para não ser alçado à forca e à viga!

 

Ah, Mefistófeles, o demo que inventaram

para o caráter desse fausto enegrecer!

Mas eu não busco de um demônio o riso,

nem qualquer dote que magos consagraram,

porque minha alma, se preciso for vender

só entregarei a Afrodite e a Dionyso!...

 

APENAS VOLTEJOS II

 

A maioria pelo mundo busca a fama:

de braço dado, que lhe venha a glória

e ainda a riqueza, espólio da vitória,

que à própria vida do afamado clama;

falo a verdade: o impulso que reclama

o redigir dos versos em minha história

é muito diferente dessa escória,

que tanto luta por se alçar na lama!...

 

Frequentemente, a mim mesmo surpreendi

pela força que um poema de mim cobra

e se decido a espalhá-lo, ainda hesitante,

não é que eu queira os frutos que escolhi,

só o que interessa é a difusão da obra,

meu nome sendo totalmente irrelevante!

 

APENAS VOLTEJOS III

 

Desprezavam as mulheres os antigos:

os Romanos nem sequer lhes davam nomes:

que apenas a forma masculina tomes

e ao nome de teus avós que dês abrigos;

entre os Judeus, até mesmo nos jazigos,

vemos três e quatro irmãs de iguais prenomes,

somente aquelas a alcançar vastos renomes

eram lembradas por vencer seus inimigos.

 

Mas chegou o Cristianismo e então fez-se,

mais que desprezo, um medo bem mortal

dos mistérios que há no corpo feminino:

“Que sem sequer o capim pior renasce

onde se pinga o rubro sangue menstrual,”

como afirmou-nos São Tomás de Aquino!

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