domingo, 20 de junho de 2021


 

 

GERALDO SEM PAVOR

Capítulo Segundo – 20 jun 21

 (Templo de Diana, Évora)


Sendo os fidalgos cavaleiros por nascimento,

obedeciam diretamente e só ao rei;

já os vilões, por sua diversa grei,

eram sujeitos mediante impedimento,

à obediência de um Adail Real,

só liberados desta hierarquia

se o rei os nomeasse para a cavalaria,

por qualquer feito de valor mais especial.

 

Ora, é preciso lembrar que por “vilões”

eram os moradores das vilas conhecidos

em oposição aos “cidadãos” nascidos,

sem haver quaisquer más conotações,

como têm hoje, salvo que os cavaleiros,

que eram fidalgos, se achavam superiores

aos plebeus e mesmo alguns eram senhores

das terras em que trabalhavam quais meeiros.

 

Por ocasião da Reconquista, no entretanto,

os chamados “Vilões de Santarém”

buscaram terras para si também,

sem submetê-las assim do rei ao manto;

além de Geraldo, Ruy Pires Bugalho,

João Viegas e Silvestre Peres,

forçados pelo rei a tais haveres

lhe entregar, após tal ato falho.

 

Os outros três se submeteram facilmente,

mas Geraldo só obedeceu de má vontade,

sendo exilado pelo poder da Majestade

de D. Affonso Henriques, por ser impertinente.

Assim passou-se para o Reino de Leão,

com leal grupo de seus seguidores,

recebido por D. Sancho com louvores,

que lhe determinou vasta missão.

 

E em 1165, conquistou aos Mouros

as cidadelas de Cáceres e Trujillo.

D. Affonso Henriques mandou seu próprio filho

para chamá-lo de volta, sem desdouros.

Em outra versão, por conta própria retornou

e de Yeborath ou Évora teria planejado

a conquista, para se ver reconciliado

com o rei que anteriormente o exilou.

 

Disfarçado como um simples trovador,

rondou a cidade, muito bem fortificada,

até que brecha foi por ele encontrada

e a invadiu com o máximo furor.

Depois foi levar as chaves da cidade

a Dom Affonso Henriques, que o nomeou

Alcalde-Mór de Évora e de novo lhe entregou

as chaves, talvez até em perenidade.

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