segunda-feira, 28 de junho de 2021


 

HEDY LAMARR, ATRIZ DO CINEMA MUDO,

INSPIRADORA DA AINDA FAMOSA BETTY BOOP.

 

PARADOXO DO TEMPO VII

27 junho 2021

Se não tivéssemos a noção da morte,

Nem sequer em algum tempo pensaríamos;

Bem ao contrário, apenas viveríamos,

Tal qual os animais, ao léu da sorte;

Mas é a espera de que o tempo venha e corte

Esse tempo que viver esperaríamos,

Que nos faz pensar no tempo e poderíamos

Viver sem ele em um eterno e simples norte.

Mas é que somos o povo da mudança,

Deixamos para trás a criancice

E como adultos enfrentamos contratempo,

No amurchecer diário da esperança:

Porque é o tempo que nos traz velhice

Ou é a velhice que nos traz o tempo?

 

PARADOXO DO TEMPO VIII

Constante apenas é a variabilidade,

Em tal constatação paradoxal;

Assim o tempo nos parece um lento mal

Em seus momentos de maior perversidade

E nos instantes de maior felicidade,

Como passa depressa esse caudal!

Multiplicamos o tempo até o final

Dessas tarefas de maior necessidade;

E assim, se o tempo varia de pessoa

Para pessoa e ainda varia no indivíduo,

Se não passa, afinal, de mutação,

Não é o tempo que se atrasa ou que nos voa,

Porém um outro critério mais assíduo:

São as batidas de nosso próprio coração!

 

PARADOXO DO TEMPO IX

Existe ainda o tempo que se perde,

Esperando pelos outros numa faixa

Ou em um banco aguardando pelo caixa,

Que atende aquele que chegou primeiro,

Até que a fila passe e a gente herde

A nossa vez. Portanto, em outra caixa,

Eu vou guardar o tempo e diferente faixa

Me servirá para fechar, que então se alerde

Essa perda do tempo mal guardado;

E assim, se precisar, eu abrirei

A tampa com cuidado e uma pitada

De tempo só em mim derramarei,

Por terminar assim obra atrasada

Com esse tempo que eu mesmo havia reservado!

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